A Epagri tornou-se membro da Comissão Brasileira de Pesquisa com Aveia (CBPA) com a disponibilização de três linhagens que desenvolveu da planta, para avaliação da rede de pesquisa a partir de 2024.
Nos dias 4 e 5 de abril, três pesquisadores da Epagri participaram da XLII Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa com Aveia, que aconteceu na cidade de Pelotas (RS), e apresentaram os novos genótipos.
Felipe Jochims, pesquisador do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), responsável pelo melhoramento genético de aveia que gerou as linhagens, defendeu, durante a reunião, a entrada da Empresa na rede como detentora de genética.
Também representaram a Epagri Jefferson A. Flaresso e Joseli Stradiotto Neto, pesquisadores da Estação Experimental da Epagri em Lages.
A CBPA congrega todas as instituições de ensino, pesquisa e extensão, cooperativas, produtores de sementes, entidades governamentais, privadas e industriais, voltadas para o desenvolvimento da cultura da aveia no Brasil.
Ela tem por finalidade coordenar, planejar e analisar os trabalhos de pesquisa de aveia realizados no país. Para isso, reúne-se anualmente com a missão de divulgar os resultados alcançados nas pesquisas recentes.
Felipe explica que a Epagri tem entre suas prioridades a produção de gado à base de pasto, o que resulta em programas internos de melhoramento de forrageiras, entre outras ações.
Além disso, a Epagri/Cepaf está localizada em Chapecó, no Oeste catarinense, uma das maiores bacias leiteiras do Brasil. Por isso, é importante a produção e melhoramento de espécies que visam aumentar a disponibilidade de forragem, assim como a participação ativa na CBPA.
Votação unânime
Durante a reunião, a comitiva da Epagri colocou para deliberação da rede a participação da Empresa e a avaliação de seus materiais nos ensaios.
Para tanto, Felipe apresentou ao grupo o programa de melhoramento genético de aveia desenvolvido pela Epagri/Cepaf, as etapas realizadas até o momento, as origens dos materiais utilizados, os objetivos das linhas de melhoramento das aveias e as produtividades obtidas pelos materiais próprios, “sempre comparados com as produtividades dos cultivares comerciais utilizados como testemunha pela própria comissão”, esclarece o pesquisador.
“Além disso, foram apresentadas as características produtivas da região, o que justifica a grande demanda de linhagens adaptadas às realidades de Santa Catarina, com mais de 80 mil propriedades rurais que produzem leite”, descreve Felipe. Ele revela que a Comissão votou de forma unânime pelo ingresso da Epagri. “Após análise criteriosa dos dados produtivos, curvas de produção, ciclo produtivo e objetivos a serem alcançados, todas as linhagens propostas pela equipe de pesquisa também foram aceitas para serem avaliadas pelo consórcio de instituições que formam a comissão de pesquisa, já com avaliações no ano de 2024”, relata.
Melhoramento desde 2014
Felipe conta que realiza desde 2014 melhoramento genético de aveia na Epagri/Cepaf.
Para ser registrado como um novo cultivar, cada nova linhagem precisa ser testada no mínimo por dois anos e em pelo menos três locais diferentes, com objetivo de conhecer sua produtividade e sua interação com climas distintos.
“Ao ser avaliado pela CBPA, esse material já fica conhecido pelas instituições que a integram”, afirma. O pesquisador diz ainda que a Comissão vai testar os três materiais propostos pela Epagri em áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
“Como as novas linhagens serão testadas em vários climas, teremos mais precisão na hora de indicar a mais adequada ao pecuarista catarinense, dependendo das características climáticas de onde produz”, explica Felipe. Ele conta ainda que as novas linhagens de aveia vão ajudar a reduzir o vazio forrageiro existente no outono/inverno da bacia leiteira do Oeste catarinense. “A base forrageira da região é formada por plantas perenes de verão, que param de produzir quando a temperatura ambiente horas de sol começam a reduzir, assim, a aveia, sendo utilizada em sobressemeadura, aumenta a produção anual de forragem sem prejudicar a pastagem perene”, descreve o pesquisador.
Felipe vem desenvolvendo melhoramento genético de aveia na Epagri desde 2014. Os três materiais disponibilizados para avaliação da CBPA já foram testados a campo por três anos, alcançando produtividades superiores aos similares disponíveis no mercado.
Segundo ele, pelo menos outras oito linhagens de aveia da Epagri têm potencial para serem avaliadas pela Comissão nos próximos anos.