O dia 14 de outubro de 2023 terminou mal para o casal Edison da Silva e Méri Machado. Pouco depois das 20h eles receberam várias ligações avisando que suas duas canoas e diversas redes que mantinham na praia da Armação, no município de Penha, estavam pegando fogo.
O casal correu até a praia, mas só teve tempo de lamentar. “Estava tudo em cinzas”, relata Méri. Eles, que durante toda a vida tiraram o sustento na pesca, tinham um questionamento para os dias seguintes: do que vamos viver?
Foi nesse clima de incerteza que eles receberam a visita da extensionista da Epagri em Penha, Viviana Bittencourt Schmitt da Silva, acompanhada do secretário municipal da pesca e agricultura, Rubens João de Souza Filho. Além de levar apoio moral, eles também tinham uma proposta de solução para a vida profissional de Edison e Méri: acessar uma política pública do Governo do Estado para conseguir o dinheiro necessário para recomeçar.
O casal reuniu a documentação exigida e com apoio da Epagri acessou o Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural, pelo projeto Pescadores Artesanais em Situações de Perdas de Materiais e Equipamentos. Com essa política pública da Secretaria da Agricultura e Pecuária eles conseguiram financiamento de R$ 29.575,31, a ser pago em cinco parcelas anuais. O crédito não tem juros e as parcelas pagas em dia terão desconto de 40%.
Compra de canoa e materiais para rede
Com o dinheiro, o casal comprou a Siriema, uma canoa de madeira, com 8,90 metros de comprimento e boca de 1,46 metro. Também adquiriram os materiais necessários para Edison confeccionar duas redes, uma para arrasto e pesca da tainha e outra para pesca em áreas com pedras. A solidariedade da comunidade, que contribuiu como pôde, inclusive por meio de uma vaquinha virtual, também foi decisiva para que o casal atravessasse o período de dificuldade.
Em 29 de janeiro, Edison embarcou na Siriema e voltou ao mar. A partir daí, o casal e outras sete famílias que pescam com com eles puderam voltar a dormir tranquilas, sabendo que teriam renda garantida. O fruto de cada dia de trabalho é vendido na praia mesmo, já no momento do desembarque. Se a pesca for farta, o restante vai para a peixaria. Edison e Meri também mantêm um estoque de filés e postas congelados, que são vendidos sob encomenda ou para os clientes que os procuram em casa.
Políticas públicas
A extensionista da Epagri conta com emoção a história do casal, que teve um final feliz. Mas Viviana destaca que muitas outras famílias pescadoras poderiam se beneficiar de políticas públicas semelhantes a que socorreu o Edison e a Méri.
Ela, que também atende à pesca no município de Piçarras, conta que na maioria das vezes os pescadores e pescadoras desconhecem as políticas públicas do Estado e da União que podem acessar. Existem linhas de crédito com prazos de pagamento especiais e taxas de juros reduzidas que podem apoiar esses profissionais na ampliação do negócio e renovação de equipamentos, entre outras questões.
Epagri está disponível para apoiar
“Estamos disponíveis para dar as orientações necessárias para que as famílias pescadoras de Penha e Piçarras acessem políticas públicas e desfrutem de outros serviços oferecidos pela Epagri”, lembra Viviana. Para tanto, o interessado deve procurar pelo escritório municipal da Epagri em Penha, que fica na avenida São João,140, Bairro Armação. É recomendável agendar a visita pelo fone (47) 3398-6416.
O curso Flor-e-ser é uma destas atividades, que visa capacitar pescadoras e agricultoras para gestão e protagonismo. No dia 5 de março Penha começou uma nova edição da capacitação, que terá encontros também em abril e maio. Uma das atividades previstas é uma viagem a Florianópolis.
Penha conta atualmente com 400 embarcações de pesca artesanal. “Como algumas embarcações são utilizadas por mais de uma família, estima-se que mais de 600 famílias estejam ligadas à pesca artesanal em Penha”, enumera Viviana.