A incidência de câncer de pele em pessoas idosas teve um aumento expressivo nas últimas três décadas, revelando uma tendência preocupante. Um estudo recente publicado na revista Jama Dermatology analisou dados de 1990 a 2021 em diversos países e aponta que a prevenção precisa ir além do simples uso de protetor solar.
De acordo com a pesquisa divulgado pelo Portal UOL, os diagnósticos de carcinoma basocelular aumentaram 61,3% no período, enquanto os de carcinoma espinocelular subiram 42,5%. Essas formas de câncer não melanoma são as mais comuns entre os idosos e, segundo os especialistas, sua incidência foi mais elevada entre homens e em regiões economicamente desenvolvidas, como Austrália, Nova Zelândia e América do Norte.
Para os autores do estudo, a combinação entre pele clara e alta exposição ao sol ao longo da vida está entre os principais fatores de risco. No caso dos homens, a menor adesão a medidas preventivas, como o uso regular de protetor solar, também contribui para os índices elevados.
“A maior longevidade tem levado a um acompanhamento dermatológico mais frequente, o que facilita diagnósticos precoces”, afirma a dermatologista Selma Hélène, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Ela destaca ainda que o aumento nos exames de rotina tem possibilitado a identificação precoce de tumores cutâneos, especialmente os carcinomas.
Apesar de menos agressivos que o melanoma, os carcinomas também estão associados à exposição solar acumulada ao longo da vida, além de fatores genéticos. Já o melanoma, tipo mais grave, pode surgir em pintas adquiridas, congênitas ou até mesmo em áreas da pele sem lesões aparentes.
“Detectá-lo precocemente é essencial, pois ele pode se espalhar para outros órgãos e se tornar potencialmente letal”, alerta a médica.
Cuidados começam na infância
Embora o levantamento foque no crescimento entre idosos, a prevenção deve iniciar ainda na infância. A dermatologista ressalta que a pele é o maior órgão do corpo humano e merece atenção contínua.
“Grande parte da carga de radiação solar à qual uma pessoa se expõe ocorre até os 20 anos. Crianças e adolescentes, que passam mais tempo ao ar livre, estão especialmente vulneráveis”, explica.
Segundo ela, atitudes como o uso correto do protetor solar, vestimentas adequadas, evitar exposição no horário de pico e reaplicar o produto ao longo do dia são fundamentais. Consultas regulares com o dermatologista também fazem parte do cuidado preventivo.
No Brasil, o câncer de pele não melanoma é o mais frequente entre todos os tipos, respondendo por cerca de 30% dos tumores malignos, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A boa notícia é que, se detectado precocemente, possui altas taxas de cura.