Caos nos Correios segue prejudicando moradores de Jaraguá do Sul

Fotos: Fábio Junkes/OCP News

Por: Thomas Madrigano

20/03/2024 - 18:03 - Atualizada em: 20/03/2024 - 20:35

A falta de mão de obra nos Correios em Jaraguá do Sul segue prejudicando os moradores da cidade, que, em muitos casos, registram meses de atraso na entrega das encomendas.

Em fevereiro, o OCP News já havia noticiado o caso, após inúmeros relatos de jaraguaenses que estavam sofrendo com constantes atrasos. De lá para cá, porém, o problema segue sem solução.

Nesta quarta-feira (20), em entrevista à Rádio RBN, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina (Sintect), Hélio Samuel, afirmou que, atualmente, os Correios de Jaraguá do Sul contam com apenas 27 funcionários. Ele ainda ressaltou que antes eram 44, mas 17 terceirizados acabaram sendo desligados.

“Humanamente, é impossível dar vazão às correspondências que chegam. Só de cartas simples, a estimativa é de que haja 200 mil paradas [em Jaraguá do Sul]”, disse na entrevista.

Ainda segundo o representante do sindicato, em relação aos objetos qualificados, que são as encomendas e cartas registradas, cerca de 50 mil ainda estão aguardando para serem entregues.

Hélio Samuel também destacou que quem fizer contato com qualquer canal oficial da empresa vai obter a mesma resposta: de que as correspondências estão em dia e de que os Correios estão trabalhando para melhorar a situação.

Essa, aliás, foi a resposta recebida pelo OCP News já em fevereiro, quando a empresa pública federal afirmou que os atrasos que estavam ocorrendo eram pontuais. Quase um mês depois, a situação caótica se mantém na cidade, com diversos moradores sem receber encomendas – muitas delas de extrema importância.

 

Atraso nas entregas

Um desses moradores é o fotógrafo e empresário Rodrigo Arsego. Ele relata que comprou um produto do exterior, mas em outubro de 2023 foi obrigado a acionar a garantia em razão de um defeito apresentado.

A partir de então, iniciou uma verdadeira batalha para tentar receber o novo pedido. Inicialmente, a empresa enviou um substituto, que, conforme conta, foi extraviado no Brasil, entre a chegada e entrega aos Correios.

Rodrigo, então, viu-se obrigado a fazer um novo pedido. Para isso, pagou novamente a taxa de importação, ao custo de R$ 45. Mas, dessa vez, o rastreamento indica que o produto, enfim, chegou até Jaraguá do Sul.

Acontece que o empresário jamais recebeu sua encomenda e, ao consultar os Correios, obteve a resposta de que o produto era considerado extraviado.

“Fui pessoalmente ao centro de distribuição e fiquei chocado com o que vi. O pessoal me apresentou a situação caótica que acontece ali. São vários contêineres abarrotados, sem pessoal para fazer a triagem, sem gente para processar as chegadas. Muitas coisas ali são consideradas extraviadas, mas as caixas estão na verdade fechadas, não tem como abrirem todas”, contou.

O empresário destacou que, quando esteve no centro de distribuição, chegou a ver um pai com sua filha no colo, tentando receber uma cinta especial que a menina precisa usar em razão de um problema ósseo.

De todo modo, ele reforça que a crise não foi gerada pelos poucos trabalhadores que estão atuando nos Correios. “A equipe local está enfrentando o ódio dos moradores, mas a culpa não é deles, e sim de quem deixou uma situação seríssima dessas acontecer”, pontuou.

Mais moradores relatam problemas

A reportagem do OCP News esteve, nesta quarta-feira, no centro de distribuição dos Correios em Jaraguá do Sul, onde conversou com moradores que aguardam para receber os mais diversos produtos.

O representante comercial Hilmar Sell diz que está aguardando uma encomenda desde o dia 22 de fevereiro. “O prazo de entrega era de uma semana, mas eu já vim aqui, eles não acham o material, o número de envio não atualiza no site, você não consegue nenhuma informação”, relatou.

Situação semelhante com a vivida pela secretária Alaise Bressan, que comprou um produto de São Paulo há cerca de um mês e ainda não conseguiu retirá-lo.

Ela afirma que já foi três vezes ao centro de distribuição, mas não obteve sucesso. “A gente compra as coisas e escolhe receber pelos Correios porque acha que é uma empresa confiável. A gente precisa do material para trabalhar, mas está lá parado por falta de pessoas para trabalhar [nos Correios]”, ressaltou.

Já o engenheiro Bruno de Melo Behrmann revela que comprou um presente de aniversário para o seu filho e que a encomenda chegou na agência de Jaraguá do Sul no dia 29 do mês passado, porém está lá parada.

“É frustrante, né? Você paga um serviço caro, está honrando com o seu pagamento e, na hora de receber, meu filho ficou sem o presente de aniversário. A criança fica frustrada“, resumiu.

 

Câmara de Jaraguá do Sul aprova moção de apelo

A Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul também se posicionou em relação aos problemas enfrentados na cidade em decorrência de atrasos na entrega de encomendas.

Na última terça-feira (19), o Legislativo municipal aprovou uma moção de apelo ao presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, para viabilizar a retomada das atividades de forma eficiente e ágil.

Com a cidade em crescimento, os vereadores mostraram preocupação com a redução do quadro de servidores da empresa. Conforme destacaram, há um grande estoque de produtos estagnados no depósito dos Correios de Jaraguá do Sul.

Eles também enfatizaram que o mercado de compras online tem crescido significativamente em todos os segmentos e que grande parte dos produtos é entregue pelos Correios. Dessa forma, pontuam que tanto empresas quanto consumidores dependem da agilidade na hora da entrega.