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Câmara faz entrega Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões

Foto: Divulgação/Hélio Ramos/CMF

Por: Ewaldo Willerding Neto

08/08/2025 - 07:08

Os olhos azuis cansados , o chapéu novo, comprado especialmente para a cerimônia e o olhar que parece carregar o mar da Barra da Lagoa. Aos 80 anos, Seu Diquinho é mais que um morador ilustre do bairro onde nasceu e foi criado, é guardião de saberes antigos, olheiro de tainhas, artesão de redes e contador de causos que misturam realidade e lenda no cotidiano da comunidade.

Uma vida inteira dedicada a preservar a cultura ilhéu foi reconhecida nesta quinta-feira (7), quando ele subiu ao plenário da Câmara Municipal para receber a Medalha Manezinho da Ilha Aldírio Simões.

Em tom bem-humorado, Seu Diquinho contou que está feliz com a homenagem e prometeu exibir a medalha com orgulho na Barra da Lagoa “só não posso vender”, brincou. Conhecido também por ser contador de causos, relembrou durante a entrevista as histórias de assombração do bairro e falou sobre os antigos cantos da tainha, tradição que hoje, segundo ele, vem sendo resgatada pela comunidade.

Em meio à conversa, puxou de memória um dos versos e cantou, emocionado:

“Pescador, me responda por que se metemos lá naquela onda?

É por causa daquela rede que tem, aquela mainha apertada, meu bem.

Ai, como é bom pescar, vivendo na beira do mar,

vendo aquela lua nascendo lá no mar.”

E emendou mais um trecho, homenageando os tempos de fartura e mudança:

“Eu vou cantar pro vereador, como as coisas já mudou.

A tainha foi-se embora, a enxova que ficou.

Ai, como é bom pescar,

vivendo na beira do mar, vendo aquela lua nascendo lá no mar.”

A honraria, concedida a outras 35 personalidades na mesma solenidade, celebra quem personifica o espírito comunitário e cultural da Capital, seja por nascimento, criação ou por escolher Florianópolis como lar. A medalha leva o nome do cronista Aldírio Simões, figura essencial na valorização das tradições locais e responsável por eternizar o termo “manezinho” como símbolo de pertencimento.

Na Ilha de Santa Catarina, ser chamado de “mané” ou “manezinho” é mais que um apelido: é um título afetivo, uma marca de quem carrega no sangue ou no coração o jeito único de viver e preservar a identidade local. Ao homenagear figuras como Seu Diquinho, a Câmara celebra também a memória viva de Florianópolis.

O presidente da Câmara Municipal, o vereador João Cobalchini (MDB), durante a presidência da sessão, destacou a competência da Casa Legislativa na preservação da nossa história e nossa cultura. “A Câmara tem o papel de estimular ações que promovam o bem comum, o desenvolvimento humano e, principalmente, a preservação da nossa história e da nossa cultura”, afirmou.

“É uma honra muito grande. Eu me considero um manezinho desde sempre, nascido e criado em Florianópolis, mas sobretudo uma pessoa que cultiva, que propaga a nossa cultura, o nosso folclore, a nossa tradição e os nossos costumes,” afirmou Ítalo Augusto Mosimann, também condecorado com a medalha e que discursou em tribuna em nome dos homenageados.

Já o vereador Renato da Farmácia (PSDB), manezinho de coração e cidadão adotado por Florianópolis há mais de quarenta anos, discursou na tribuna representando os demais parlamentares. Em sua fala, destacou os costumes da ilha, o acolhimento do povo mané, e as ricas tradições levadas de gerações para gerações

Confira os homenageados:

  • Adir João Lemos
  • Adir Martinho Albino
  • Aldori Aldo de Souza
  • Amarildo Alberto Elias
  • Anne Teive Auras
  • Beatriz Campos Kowalski
  • Carlos Domingos Vieira
  • Carlos Eduardo Bernardo
  • Carlos Trilha Müller
  • Célio Hercílio Marciano
  • Cid José Goulard Júnior
  • Dárcio Arcelino Nunes
  • Edenir Kremer
  • Eduardo Brazil
  • Everaldo Dias
  • Fabiano Godinho
  • Fábio Sardá
  • Gilmar Justino Marcelino
  • Ítalo Augusto Mosimann
  • Jaime José de Barcelos
  • João Batista Costa
  • João Carlos Mendonça Santos
  • João Dorval Teixeira
  • João Manoel Vieira
  • José Américo Polmann
  • José Henrique Fernandes
  • Juliana da Cruz Santos
  • Luiz Carlos Jacques
  • Marco Giorgio Longo
  • Milton Luiz Valente
  • Murilo Valente
  • Ori Bernardo (In Memoriam)
  • Paulo Bastos Abraham
  • Paulo Costa (In Memoriam)
  • Priscila Cristina Freitas
  • Renato Cesar Lebarbenchon Polli
  • Wilmar Pereira Filho

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.