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Cada criança tem seu tempo! Mito ou verdade?

Foto: Freepik

Por: Priscila Horvat

17/03/2025 - 09:03 - Atualizada em: 17/03/2025 - 09:59

Por anos, muitos pais ouviram a frase “cada criança tem seu tempo” como forma de tranquilizar quando o filho não atinge certos marcos de desenvolvimento. Embora seja verdade que as crianças se desenvolvem em ritmos diferentes, é fundamental que os pais estejam atentos a sinais de possíveis atrasos.

A pediatra Bruna de Paula alerta que o mantra do “tempo de cada criança” pode mascarar problemas importantes, que, se identificados precocemente, podem ser tratados de forma eficaz.

Para esclarecer o assunto, a médica responde a cinco perguntas sobre o desenvolvimento ideal para cada fase da criança.

É verdade que cada criança tem seu próprio tempo para desenvolver habilidades gerais, como falar e andar, por exemplo?

Sim, é verdade! Cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento, e isso é completamente normal. O neurodesenvolvimento infantil ocorre dentro de uma ampla faixa de normalidade, e fatores como genética, estímulo do ambiente, experiências individuais e até a personalidade da criança influenciam quando ela atingirá determinados marcos, como engatinhar, andar ou falar.

O mais importante é acompanhar o desenvolvimento de forma global, observando se há progressão nas habilidades e se a criança está recebendo os estímulos adequados. Caso haja um atraso significativo ou sinais de alerta, como falta de interação social, ausência de balbucio até os 12 meses ou dificuldades motoras persistentes, é essencial procurar um pediatra para avaliação.

O que caracteriza um atraso no desenvolvimento infantil?

Um atraso no desenvolvimento infantil ocorre quando a criança não atinge os marcos esperados para sua idade dentro da ampla faixa considerada normal. Esse atraso pode ocorrer em uma ou mais áreas do desenvolvimento, como:

  • motor grosso (sentar, engatinhar, andar);
  • motor fino (pegar pequenos objetos, desenhar, usar talheres);
  • linguagem e comunicação (balbuciar, falar palavras, formar frases);
  • cognitivo (resolver problemas simples, imitar gestos, reconhecer objetos e pessoas);
  • social e emocional (estabelecer contato visual, responder ao nome, demonstrar interesse por interações).

Em quais situações os pais devem começar a se preocupar e buscar ajuda?

Os pais devem buscar ajuda sempre que perceberem que a criança está significativamente atrasada em relação aos marcos do desenvolvimento para a idade dela ou quando houver sinais de alerta. Alguns dos principais sinais que indicam a necessidade de avaliação são:

  • Até 6 meses: não sorri ou demonstra pouco interesse por pessoas; não sustenta a cabeça ou não faz tentativas de rolar; não emite sons ou balbucia muito pouco;

  • Até 9 meses: não responde ao nome; não se interessa por brincadeiras interativas, como “cadê-achou”; não tenta se sentar ou não apoia o peso nas pernas quando segurado;

  • Até 12 meses: não faz gestos como dar tchau ou apontar; não balbucia sílabas como “mamama” ou “bababa”; não engatinha ou tem pouca força nas pernas;

  • Até 18 meses: não fala pelo menos seis palavras com significado; não demonstra interesse em imitar os outros; tem dificuldade para andar sozinho;

  • Até 24 meses: não junta duas palavras em frases simples, como “quer água”; não segue instruções simples, como “pega o brinquedo”; parece não se interessar por outras crianças ou por brincadeiras;

  • Até 3 anos: a fala é muito difícil de entender para pessoas de fora da família; não faz brincadeiras simbólicas (como fingir que dá comidinha para um boneco); não demonstra emoções básicas ou tem dificuldade em interagir;

  • Qualquer idade: a criança perde habilidades que já havia adquirido; demonstra desinteresse pelo ambiente ou por pessoas; movimentos repetitivos persistentes, como balançar o corpo ou bater as mãos constantemente.

Se os pais identificarem algum desses sinais, é importante procurar um pediatra ou um especialista em desenvolvimento infantil. Muitas vezes, pequenas intervenções precoces, como terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia motora ou estimulação em casa, fazem uma grande diferença no progresso da criança. Quanto antes um atraso for identificado, maiores as chances de uma intervenção eficaz.

Quais são as causas mais comuns para o atraso no desenvolvimento?

O atraso no desenvolvimento infantil pode ter várias causas que podem estar relacionadas a fatores biológicos, ambientais ou uma combinação dos dois. Algumas das causas mais comuns incluem fatores genéticos e neurológicos como:

  • Condições genéticas: síndromes como Síndrome de Down, X Frágil e Síndrome de Rett podem afetar o desenvolvimento global;

  • Transtornos do neurodesenvolvimento: condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem impactar a comunicação, a cognição e as habilidades motoras;

  • Paralisia cerebral: causada por uma lesão no cérebro em desenvolvimento, pode afetar o controle motor, a fala e a coordenação;

  • Epilepsia: algumas crises epilépticas podem interferir no desenvolvimento cognitivo e motor da criança;

  • Fatores pré-natais e perinatais: prematuridade extrema, complicações na gestação, como infecções maternas, como toxoplasmose e rubéola; uso de drogas, álcool ou tabagismo podem prejudicar o desenvolvimento fetal; sofrimento fetal (falta de oxigenação adequada durante o parto pode levar a dificuldades neurológicas futuras);

  • Fatores ambientais e estímulos: pouca estimulação em casa como interação verbal, contato visual e brincadeiras; exposição excessiva a telas, desnutrição infantil;
  • Problemas auditivos e visuais.

Quais os impactos de não identificar e tratar precocemente um atraso no desenvolvimento?

A identificação e a intervenção precoce são fundamentais para minimizar os impactos do atraso no desenvolvimento infantil. Quando um atraso não é detectado e tratado a tempo, pode haver consequências em diferentes áreas da vida da criança como dificuldades cognitivas e de aprendizado (atrasos na fala podem prejudicar a comunicação e o aprendizado escolar, déficits na coordenação motora podem dificultar atividades básicas, como escrever e se vestir), problemas na socialização e comportamento, impacto na independência e na autonomia, maior dificuldade para recuperar o atraso com o passar do tempo.

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Priscila Horvat

Jornalista especializada em conteúdo de saúde e puericultura.