Brasileira com a “doença do suicídio” quer buscar eutanásia no exterior

Foto: Carolina Arruda/Arquivo pessoal

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

05/07/2024 - 08:07 - Atualizada em: 05/07/2024 - 14:35

Carolina Arruda, moradora de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas, tem 27 anos e lida com dor crônica desde os 16, quando foi diagnosticada com Neuralgia do Trigêmeo. Esta condição causa dores persistentes e intensas na região facial. Enquanto estuda medicina veterinária, Carolina enfrenta diariamente um desafio doloroso e solitário, compartilhando uma experiência de vida que transcende o entendimento da maioria.

Sem encontrar tratamento eficaz, apesar de utilizar mais de 10 medicamentos, incluindo morfina e canabidiol. Carolina amadureceu a ideia de que a eutanásia ou suicídio assistido seria a solução para o seu problema. Agora, ela tenta conseguir recursos financeiros para viajar para a Suíça, onde o procedimento é legalizado. No Brasil, a eutanásia é crime.

Devido à intensa dor, comparada a choques elétricos, desencadeada por atividades cotidianas como falar, comer ou sentir uma brisa leve no rosto, Carolina Arruda se viu presa em uma rotina exaustiva de tratamentos.

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Depois de passar por quatro cirurgias e consultar mais de 50 médicos na busca por alívio, Carolina Arruda apela por compaixão e empatia daqueles que a criticam por considerar a eutanásia no exterior.

A história de Carolina

Casada há três anos e mãe de uma menina de 10, Carolina começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.

“A primeira dor veio quando estava sentada no sofá da casa da minha avó, tinha acabado de me recuperar de uma dengue. Era uma dor forte, fora do comum. Eu gritava e chorava. Tentei explicar o que era, mas não conseguia palavras porque nunca tinha sentido uma dor tão absurda. A princípio achei que seria uma dor de cabeça em decorrência da dengue”, relembrou.

Os episódios de dor tornaram-se constantes, intensificando-se após o nascimento da filha. As dores persistentes afetaram profundamente a vida de Carolina, levando-a a decidir pela criação da bebê até completar um ano. Posteriormente, a menina foi morar com os bisavós.

“Infelizmente eu não tinha a menor condição de cuidar da minha filha. Eram muitas crises, idas e vindas de hospitais, tratamentos, cirurgias”.

Carolina procurou vários médicos em busca de um diagnóstico até que, aos 20 anos, foi diagnosticada com Neuralgia do Trigêmeo. Ela recorda que seus avós um dia perceberam que suas reações durante as crises eram semelhantes às do bisavô quando ele sofria da mesma condição.
“Com essa associação eu fui levada ao mesmo médico do meu bisavô. Foi assim que tive o diagnóstico. Eu lembro que fiquei confusa, não sabia a gravidade. Achei que era simplesmente uma enxaqueca como as que minha mãe sempre teve e que voltavam ao normal depois de alguns dias. Mas comigo a dor nunca passou, só agravou ao longo dos anos a ponto de eu não conseguir fazer exatamente nada, às vezes, nem um simples banho sozinha eu consigo, preciso da ajuda do meu marido”, disse.

Carolina e o marido se conheceram na faculdade. É ele quem a acompanha em todas as cirurgias, prepara os remédios e cuida dela diariamente.

“Nos conhecemos na faculdade e éramos amigos. Ele acompanhava minha rotina convivendo com a dor. Quando começamos a namorar, conversamos sobre isso. Eu disse: ‘Sou uma pessoa doente, quero que você saiba no que está se envolvendo.’ E ele não se importava, dizia que ia passar por isso junto comigo”, afirmou Carolina.

Desde a primeira vez que sentiu a dor até conseguir o diagnóstico, a maratona de consultas e exames levaram a jovem à exaustão física e mental.

“Já pesquisei sobre tratamentos fora do país, mas são os mesmos que temos aqui. Não existe nada revolucionário fora do Brasil. A falta de conhecimento sobre a doença por parte dos médicos só piora a situação. Os especialistas e médicos de plantão muitas vezes não conhecem a doença e não sabem como tratar”.

O que é Neuralgia do trigêmeo?

Neuralgia do trigêmeo é uma condição dolorosa que afeta o nervo trigêmeo, um dos nervos cranianos responsáveis pela sensação no rosto. Essa condição causa episódios intensos e súbitos de dor facial extrema, geralmente em um lado do rosto. Os ataques de dor podem ser desencadeados por estímulos leves, como tocar o rosto, falar, mastigar ou até mesmo um leve sopro de vento. A neuralgia do trigêmeo pode ser extremamente debilitante e impactar significativamente a qualidade de vida do indivíduo afetado.

Procedimento na Suíça

A Suíça é um dos poucos países onde a assistência médica para o suicídio é permitida por lei. No entanto, os pacientes devem apresentar evidências claras de sua condição médica, passar por avaliações psiquiátricas rigorosas e demonstrar um desejo constante e claro de encerrar suas vidas.

Organizações como a Dignitas, procurada por Carolina, oferecem suporte meticuloso para garantir que a decisão do paciente seja respeitada e que todo o processo ocorra com dignidade e cuidado.

“Eu não aguento mais. A decisão de buscar a eutanásia foi tomada internamente há muito tempo. E, sim, eu penso em quem vai ficar, mas coloco na balança: as pessoas que me amam preferem lidar com meu sofrimento diário ou lidar com o sentimento da perda, sabendo que eu não estarei mais sofrendo? Não quero viver com dor o resto da vida”.

“Queria que refletissem com mais empatia. Tomar essa decisão não foi fácil e ela foi baseada em muitos tratamentos e experiências negativas, ouvindo de médicos que não tinham o que fazer. Peço um pouco mais de compaixão”, finalizou.

 

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).