Alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Holando Marcellino Gonçalves (Homago), de Jaraguá do Sul, desenvolveram um repelente à base de extrato de citronela contra o aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
A orientadora educacional, Kelli Aparecida Pereira Karger, explica que o projeto surgiu porque em todo início de ano é elaborado um calendário de projetos na unidade. “E a questão de trabalhar a prevenção da dengue já estava no nosso calendário anual”, diz.
Segundo ela, os professores levantaram com os alunos o questionamento acerca do aumento de casos de dengue na região, inclusive no Bairro Ilha da Figueira, onde fica a escola. “Eles levaram essa questão para a sala de aula, sobre o que nós poderíamos fazer, além é claro das questões pontuais de prevenção, como nunca deixar água parada em recipientes como vasos de plantas, pneus e outros. Com isso, os alunos começaram a pesquisar plantas que ajudavam a repelir os insetos e surgiu a ideia do uso da citronela. Nós temos um laboratório de Ciências, Química e Física maravilhoso aqui na escola e surgiu então a ideia de produzirmos um repelente à base do extrato dessa planta”.
A professora de Química, Emanuele Spezia Fischer, observa que os alunos estão bastante envolvidos na parte prática do projeto. “Eles colocam a mão na massa e produzem. Isso para eles é muito mais interessante do que ficar só na parte teórica”, observa.
O Homago tem mais de 600 alunos divididos em turmas que vão do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio e todos os estudantes estão envolvidos no trabalho de conscientização e prevenção da dengue. As turmas desenvolvem trabalhos diferentes, de acordo com a faixa etária dos alunos, como confecção de cartazes, diversas atividades de aprendizado sobre o ciclo de desenvolvimento do mosquito transmissor da doença, com várias pesquisas e até peça de teatro.
Trabalho prático em laboratório
As alunas do 3º ano do Ensino Médio estão empolgadas com o projeto de produção do repelente. Aghata Macedo diz que está aprendendo bastante. “A gente teve um surto de dengue aqui. O meu irmãozinho mais novo pegou a doença, uma amiga da minha mãe e uma amiga minha também. Eu acho que tudo isso é muito necessário para conscientizar a nossa comunidade”, afirmou a jovem.
“É bem comum que a gente faça cartazes, folders, posts no Instagram falando sobre os casos de dengue que estão aumentando”, comenta a aluna Elisa de Souza Fernandes, destacando que esse projeto é diferente. “Isso (o projeto no laboratório) é mais legal, na minha opinião. A gente começa colocando as 300 gramas de base (hidratante), 200 gotas do extrato de citronela, mistura tudo certinho. O rótulo também foi a gente que fez”, explica.
A fórmula do repelente é composta por hidratante – já adquirido pronto para facilitar o processo – e o extrato de citronela, que tem sua destilação feita no laboratório. A confecção do rótulo do repelente, batizado de “Citromed”, envolve as disciplinas de Português e Inglês.
A validade do produto no frasco é de cerca de dois meses e ele deve ser reaplicado na pele a cada duas horas para garantir sua eficácia, embora a orientadora Kelli Karger tenha feito um teste de uso durante uma visita a um pesquepague e observado que os mosquitos em geral ficaram sem se aproximar por quase quatro horas.
Distribuição para a comunidade
Dia 13 de abril acontece o ‘Dia da Família na Escola’ e o repelente será distribuído para os familiares dos alunos que vão participar do encontro. “Essa ideia de distribuir o repelente para a comunidade torna a aprendizado ainda mais significativo”, completa a professora Emanuele.
Além do repelente, os alunos também estão fazendo velas aromáticas com o uso da citronela.
O projeto será apresentado pelo Homago na Feira Regional de Ciências e Tecnologia da Educação que será realizada na Eeb Maria Konder Bornhausen, em Massaranduba, no mês de agosto.
Armadilhas contra o mosquito da dengue
O orientador maker do Homago, Oscar Ruthes, profissional que auxilia os professores, instruindo alunos de todas as turmas do colégio a desenvolver projetos na prática, está ajudando os estudantes a fazer um mosqueteiro, que é um tipo de armadilha feita de materiais recicláveis e de baixo custo, como garrafas pet e microfilme.
Ele explica que a armadilha é colocada com água em ambientes onde há sombra, como jardins e hortas, por exemplo. Os mosquitos então acabam indo ali para colocar seus ovos, porém, a armadilha é feita de modo que as larvas ficam presas e não conseguem sair. Com isso, além de evitar a proliferação do mosquito, é possível que os alunos façam um monitoramento de quantas larvas ficaram presas,, o que dá um ideia da quantidade de mosquitos transmissores da dengue há na região. Depois esse número é contabilizado em tabelas no Excel.
“E junto com a professora de Ciências, são estudadas as doenças que o mosquito transmite. Então é um trabalho feito em parceria com os professores”, saliente Ruthes.
As armadilhas estão sendo distribuídas em pontos estratégicos da escola e os alunos também poderão fazer as suas e levar para casa para fazer o monitoramento em suas casas. De acordo com o Oscar, todas as turmas estão convidadas a confeccionar as armadilhas.