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Zíper na boca – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

14/09/2024 - 07:09

Como faz falta ter alguém com quem possamos desabafar, contar dos nossos incômodos, das nossas angústias, medos, infelicidades, que falta faz-nos ter alguém para nos ouvir! Muitos podem dizer, ah, sou feliz, eu tenho com quem desabafar, contar dos meus bolores existenciais! Cuidado, cuidado. Sempre foi um campo minado contarmos da nossa vida a alguém. Estava pensando sobre esse perigo quando me lembrei da história de uma jovem mulher, americana, história que li há muitos anos. Ela contou que tinha 23 anos quando decidiu participar de uma maratona de rua na cidade em que vivia, no Estado de Massachusetts. Contou às amigas e foi enfaticamente desestimulada a correr a maratona. Disseram a ela de todos os riscos a que ela se iria expor, de riscos físicos a riscos psicológicos, loucura fazer aquilo… A moça desistiu, desistiu, mas ficou-lhe a pulga atrás da orelha. Quatro anos mais tarde, sem dizer nada a ninguém, ela participou da maratona. Ficou entre as cinco primeiras mulheres da prova. Razão de contar dessa história? Simples, quando temos um plano, um projeto, fazemos planejamentos e… Abrimos a boca para contar aos amigos. Será, com certeza, um tiro no pé. Não vão faltar os desencorajadores que nos vão alistar problemas e riscos, um desincentivo quase garantido, claro, uma maioria de frustrados, sem iniciativas. Poucos nos vão alentar, poucos nos vão aplaudir e torcer por nós, então, melhor, bem melhor, é boca fechada. Não dizer nada a ninguém e fazer tudo o que desejamos e mais tarde celebrar. Claro, sendo vitoriosos seremos também chicoteados, ora, é “inaceitável” alguém do nosso grupo se dando bem, os acanhados da vida não aplaudem vencedores. Quando o que tivermos na cabeça for algo ético, decente, dentro da lei, não ferindo ninguém, não há porque temer ou abrir a boca antes de tempo. Os invejosos, os medrosos, os frustrados, mesmo gente da família, vão torcer contra nós ou “descobrir” problemas e riscos. E olhe, vale para a relação conjugal, maridinhos e mulherzinhas não são tão santos e santas quanto parecem, pelo menos quando um deles tem planos de subir na vida. Cuidado, usar o zíper da língua, em boca fechada não entra mosca.

MOMENTO

Estamos vivendo um dos piores momentos da História, tudo por desatinos e estupidez dos humanos. Vou relembrar uma manchete dos Estados Unidos: – “Covid-19 “envelhece” o cérebro mais rápido”. E a Covid continua de plantão. Mesmo assim, quantos não quiseram tomar a vacina? Vão pagar o preço, é só esperar. E agora, neste momento, uma porção de vacinas, para adultos e crianças, mas… Sem procura. Depois vão se queixar da sorte? De fato, a ignorância é a mãe de todos os males e vícios…

TEATRO

Há dois tipos de teatro, o do palco e o da nossa cabeça. O do palco é para poucos, os brasileiros só querem ouvir piadas, e piadas num palco nunca foram ou serão teatro. Gentinha, pois não? Quanto ao teatro da nossa cabeça, ele pode ser um excelente remédio contra as nossas infelicidades. Basta que finjamos no palco da nossa cabeça que somos felizes. Se insistirmos nessa “peça”, vamos acabar nos sentindo felizes. Que tal um teatro?

FALTA DIZER

Sim, repito, vou repetir até cansar, “eles e elas” têm que ouvir. Página tirada do meu calendário cristão, da parede: – “A criança desenvolve a linguagem, a cultura e o raciocínio em contato com o outro e com o meio que a cerca”. Resumindo, somos o que o papai e a mamãe fizeram de nós na “infância”…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.