Nas últimas semanas, veio à tona mais uma notícia que mostra o tamanho da irresponsabilidade do governo federal com o dinheiro público: os Correios querem um novo empréstimo de R$ 20 bilhões para tentar fechar as contas. Vinte bilhões. Um número gigantesco, que caberia num plano nacional de infraestrutura, numa revolução na educação ou num grande programa de saúde. Mas, em vez disso, pode acabar indo para uma empresa que há anos dá prejuízo e depende do bolso do contribuinte para se manter de pé.
Só no primeiro semestre deste ano, o rombo dos Correios foi de R$ 4,3 bilhões. É o triplo do prejuízo registrado no mesmo período do ano passado, segundo dados da própria estatal e divulgados pela imprensa. Em qualquer empresa privada, um resultado desses levaria à revisão completa da gestão, com corte de custos, busca por inovação e metas de eficiência.
No setor público, no entanto, o caminho é o oposto: recorre-se a mais dívida, garantida por quem menos tem culpa nessa história — o cidadão brasileiro – que já está esfolado de tanto trabalhar para pagar a conta da ineficiência, politicagem e corrupção.
O empréstimo será bancado por bancos públicos e privados, mas quem dá a garantia é o Tesouro Nacional. Ou seja: somos todos nós, mais uma vez, que vamos pagar a conta se o dinheiro não voltar. Isso acontece num país em que quase 70% das famílias estão endividadas.
É importante lembrar: os Correios já foram símbolo de eficiência. Por décadas, entregaram cartas e encomendas com credibilidade. Mas, com o tempo, se transformaram num exemplo do que há de mais ultrapassado na máquina pública: aparelhamento político, ineficiência e falta de modernização.
Enquanto as empresas privadas de logística e tecnologia se reinventaram, os Correios ficaram presos ao passado — e agora pedem socorro financeiro. O resultado é previsível: prejuízo atrás de prejuízo.
Nos últimos anos, o lucro virou exceção, e o vermelho passou a ser rotina. Mesmo assim, o governo insiste em manter o modelo estatal, com a desculpa de que é “estratégico”. Estratégico para quem? Porque para o brasileiro que acorda cedo, trabalha, paga imposto e enfrenta fila em hospital, estrada esburacada e escola precária, isso está longe de ser prioridade.
Nenhuma empresa sobrevive gastando mais do que arrecada. E o Estado brasileiro não é exceção. A diferença é que, quando o governo erra, ele não quebra — quem quebra é o povo. É o comerciante que fecha as portas, o agricultor que paga mais caro pelo frete, o trabalhador que vê o salário perder valor.
Enquanto isso, o governo prefere empurrar o problema com a barriga, fazer novos empréstimos e disfarçar o rombo. Em vez de cortar desperdícios, revisar estruturas e profissionalizar a gestão, usa o dinheiro público para tapar buracos criados pela própria ineficiência.
O Brasil não aguenta mais sustentar estatais ineficientes e governos gastadores. O que o brasileiro quer é simples: ver o governo fazendo o básico — educação, saúde, segurança e infraestrutura — com seriedade, transparência e resultado.
É hora de tratar o dinheiro público com o mesmo cuidado que qualquer cidadão tem com o próprio orçamento.
Porque, no fim das contas, o dinheiro do governo é o dinheiro do povo. E o povo já cansou de pagar pelas escolhas erradas de Brasília.