Não há pílula mais amarga que o olhar para trás e suspirar por algo que passou pela nossa vida, mas que não curtimos como devíamos, dias de fartura que nos passaram batidos. Hoje amanheci com os pés de fora, mais uma vez, e olhando para trás pensei: – Santo Deus, mas eu fiz aquilo, estive lá, e não pintei nem bordei aqueles momentos? Não, não pintei nem bordei aqueles momentos especiais, e como todos os momentos do passado, momentos que não vão voltar. Os adolescentes da vida não sabem disso, vivem e não vivem seus momentos, sempre há uma luzinha acesa um pouco adiante e essa luzinha os tolda a consciência do “aqui e agora” da vida, tudo o que temos. Viajei como poucos viajaram, muitos anos como narrador de futebol. Isso num tempo em que se viajava, não como a hipocrisia safada de hoje, jogos narrados do estúdio ou de casa mesmo, tudo por televisão. As emissoras querem poupar gastos e depois falam mal das fake-news, narrar do estúdio ou de casa é trapaça com os ouvintes. Mas, como disse, viajei muito, lugares inimagináveis. E daí, curti como devia aqueles momentos? Muito pouco, posso dizer que não curti. E poucos dos meus companheiros de viagem também curtiram as viagens. Lembro de uma vez, estávamos em Atenas, na Grécia, levantei cedo, me ajeitei e convidei meu colega de viagem para irmos ao Partenon, um milenar templo grego. Meu colega simplesmente respondeu: – Claro que não vou, já moro no Partenon em Porto Alegre. Partenon é o nome de um bairro de Porto Alegre. Incontáveis momentos especiais da nossa vida, no aqui e agora, são deixados de lado em razão da nossa falta de consciência naqueles momentos, ou por ignorância mesmo. Mas esses fechamentos da cabeça para os momentos especiais do nosso “aqui e agora” vão voltar, ah, vão… Vão voltar no futuro, que outra coisa não será senão o aqui e agora deste momento, vão voltar para nos cutucar doloridamente com nossa inconsciência em momentos passados. Tudo o que tivermos de bom no nosso aqui e agora tem que ser reconhecido, de outro modo vai ser um calo dorido no sapato futuro de nossa vida. À vida? Então, é pra já, o “já” é tudo o que temos.
AMOR
Presume-se, só presume-se, que casamentos são feitos por amor. Presume-se… Acabo de ler esta frase no meu calendário cristão: – “O amor tem um cunho que se chama sacrifício. Quem não sabe se sacrificar também não saber amar”. Concordo da cabeça aos sapatos. Casamentos pressupõem sacrifícios de todo tipo, eu por ela, ela por mim. Certo? Certo uma figa. A maioria que anda por aí só quer cama, comida e roupa lavada. Num sentido figurado ou não… Deu crise, tchau, “amor”…
HIPOCRISIA
Detesto a palavra “networking”. É aquela história de fazer muitos “amigos”, mas visando a uma vantagem lá adiante. Agora, idiotas estão engajando filhos, pagando, em clubes de golfe para que os “meninos” mais tarde tenham muitos amigos “polpudos”, tudo armado pelo interesseiro “networking”, uma treta típica dos ordinários. Amigos construídos sobre interesses não são amigos, são jogos de interesse. Deus me livre desses tipos. Sim, o que mais anda por aí.
FALTA DIZER
Safados, dissimulados, incompetentes… Ouça a manchete: – “Candidatos a empregos criam currículos com ChatGPT e aterrorizam recrutadores”. Ah, é? Então, vamos para as entrevistas ao vivo: senta e fala! Pelo que tu disseres e como disseres serás ou não contratado. Treteiros da modernidade trapaceira. Empresas, abram o olho!