Verdades espinhosas – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

30/04/2024 - 07:04

Tudo na vida é uma mudança permanente, nada nasce, nada morre, tudo se transforma. O diacho é que a vida tem fases, o que um mais velho disser a um jovem pode não fazer sentido para o jovem. Não fazer sentido ou tirar-lhe o entusiasmo. Falar a um jovem que ele vai envelhecer, vai perder forças e que um dia, sem escapes, vai assinar o ponto final é terreno arenoso. Dizer isso a um jovem é uma danação, ainda que seja uma verdade. Falar sobre a importância da poupança, dos investimentos para no futuro a pessoa viver mais tranqüila é uma coisa, falar de fim dos tempos é outra. Agora, se não tivermos um credo existencial e permanente a velhice vai ser um caso sério. Alfred Adler, psicólogo austríaco (1879/1937), dizia que a grande questão a envolver todos os seus clientes acima dos 30 anos (naquela época se vivia menos) era não ter um credo, desesperar-se com a chegada do fim da vida. Daí, dizia ele, a importância da religião. A religião promete outra vida depois desta… Se a pessoa crer, crer de fato, vai sofrer menos, afinal, ela não vai morrer, ela vai se transformar. Não acreditar em nada é um fogo bem ardido… Vem dessa verdade a importância “anestésica” de termos um propósito na vida, um propósito que não se resuma a dinheiro nem se desgaste no tempo. Poucos têm esse propósito, a maioria dos desnorteados sonha com aposentadoria, com fazer nada… Coitados. Há muitos anos, li uma reportagem resultante de uma pesquisa americana sobre a vida de religiosos, religiosos de batina ou não, caras que se diziam mais crentes que o próprio Jesus… E aí, como eram suas vidas? Inquietações permanentes, doenças psicossomáticas e falecimentos “antes” do tempo, para a maioria. Ué, e a fé não lhes melhorava a saúde e a vida? Não, a fé que pregavam e diziam ter era meramente da boca para fora. Ninguém será saudável e feliz mentindo a si mesmo e não tendo uma fé tão pétrea quanto o Corcovado. Não tiremos o entusiasmo dos jovens, mas que eles não sejam bobos e percam muito tempo na vida sem pensar no de que vão precisar na velhice, que vai chegar. E do que vão precisar? De um propósito e fé.

VERDADE

Convenhamos, a pessoa tem que ser muito tosca para não saber que os animais, todos, têm uma vida emocional, do jeito deles, mas têm. Têm afetos, amores, sentem tristeza, alegria, raiva, têm memória, têm tudo como nós, numa freqüência diferente, como emissoras FM e AM… Logo, maltratar um animal, achar que ele não entende e não sente a vida como nós é ter uma cabeça muito estúpida. Bichos? Amá-los no respeito ou cair fora…

ATREVIDOS

Atrevidos são os homens que se alçam à condição de poder arbitrar sobre a vida das mulheres. Ouça esta manchete, cansativa de tantas repetições: – “Norma que restringe aborto legal volta a valer após liminar ser derrubada”. Que os babacas tenham bem claro na cabeça, quem manda no corpo das mulheres são as mulheres, ademais, as ricas fazem aborto quando bem entendem e bem “assistidas”. Hipócritas. Que as mulheres se imponham, o poder é delas!

FALTA DIZER

Vou repetir o que já disse aqui incontáveis vezes, os toscos precisam ouvir… E se um vagabundo de rua estuprar e engravidar a mãe, a esposa, uma filha ou uma irmã deles será que vão continuar contra o aborto? A resposta pode ser dada ali na salinha dos fundos. Salinha discreta…

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.