10/12/2025 - 06:12
Vai ou não vai?
Na família Bolsonaro, o primogênito, Flávio, sempre foi considerado o mais ajuizado, o mais equilibrado, aquele que exercia quase em plenitude o bom senso — característica que não se observa nem no patriarca Jair, muito menos nos irmãos Carlos e Eduardo, ambos afeitos a polêmicas e sempre acionando a metralhadora giratória.
Preso, o ex-presidente fez a opção pelo senador carioca para representá-lo na disputa presidencial. Em um primeiro momento, causou certa perplexidade. As apostas recaíam sobre o nome do governador Tarcísio de Freitas.
Logo na sequência, surgiu a possibilidade de, mais adiante, Flávio compor como vice do próprio Tarcísio, ou até buscar a reeleição no Rio, preservando o governador paulista nesse período.
Só que, menos de 48 horas depois do anúncio, ele já admitiu abrir mão, dizendo que a candidatura tinha “preço” e que, na segunda-feira, anunciaria qual seria esse preço. Falou em anistia aos condenados do 8 de Janeiro e também em “Bolsonaro Livre”.
Não mais que de repente, já não era mais isso. Não havia mais preço e ele não admitia mais abrir mão da candidatura.
É um péssimo início. Justamente na largada, quando Flávio Bolsonaro precisaria se afirmar, sua arrancada foi pra lá de meia-boca.
E em Santa Catarina, como fica?
Para Jorginho Mello, pode até ser interessante ter um Bolsonaro — integrante da família — como candidato a presidente. Seria o 22 na urna, lá e cá, repetindo 2022.
Além disso, a vinculação com o bolsonarismo ficaria reforçada.
Dois filhos de Jair vão concorrer em Santa Catarina:
•Carlos Bolsonaro ao Senado, na chapa de Jorginho;
•Jair Renan a deputado federal.
Mesmo que Flávio Bolsonaro não se eleja, vale lembrar que o eleitorado catarinense é potencialmente conservador e essencialmente bolsonarista.
Jorginho tem o apoio de vários partidos, um grande número de prefeitos, a máquina estadual e é candidato à reeleição.
E mais: o governador não tem adversários competitivos.
Mas tudo ainda é muito incipiente.
Não se pode descartar que, adiante, Flávio aceite compor de vice em uma chapa liderada por Tarcísio de Freitas.
Nesse caso, evidentemente, ele não concorreria à reeleição no Rio.
E então: para que Carlos viria para Santa Catarina, se teria espaço reservado no próprio Rio pelo irmão?
Um dos motivos da transferência do 02 para o estado seria justamente a disputa de Flávio pela reeleição fluminense.
Mas, tratando-se da família Bolsonaro, tudo é possível.
Mesmo sem Flávio disputar a reeleição, Carluxo pode querer vir para cá.
Essa leitura é mais uma prova de que muita coisa ainda vai acontecer até o primeiro prazo fatal das eleições do ano que vem: o prazo de desincompatibilização e da janela de transferências partidárias, que expira no dia 4 de abril.
O segundo grande prazo é o das convenções partidárias, que se encerram em 5 de agosto.
Como ainda estamos em dezembro, até o primeiro prazo há pela frente praticamente quatro meses: dezembro, janeiro, fevereiro e março.
Pouco menos de 120 dias — o que, na política, é uma eternidade.
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