Um velho conselho

Por: Luiz Carlos Prates

21/09/2016 - 04:09

Eu gostaria que quem me estivesse agora “ouvindo” fosse uma pessoa jovem, rapaz ou garota, ainda piscando os olhos diante do futuro. Claro que os mais velhos podem de igual modo me “ouvir”, ainda que para esses a volta no quarteirão da vida seja mais complicada…

Acabei de reencontrar, mexendo outra vez na minha caixa de sapatos (o meu carro forte de frases) uma citação do Blaise Pascal, filósofo e matemático francês que viveu de 1623 a 1662. Pascal fez uma frase que nada tem de original, tem muito, isso sim, de desconsiderada, bah, é o que mais a moçada faz, pular por sobre essa frase. Ela é simples, ouça: – “A coisa mais importante para toda a vida é a escolha da profissão”. Tolinha, não é mesmo? Tolinha uma ova! É uma sentença que nos pode levar, pela direção que tomarmos, a um pouco mais de felicidade neste trânsito pelo vale de lágrimas ou mais nos afundar nos fracassos e tristezas.

A gurizada que já me ouviu nas palestras em escolas, e mesmo fora delas vivo dizendo isso, há de lembrar que lhes disse enfaticamente que o “casamento” com a nossa atividade profissional tem que ser por amor, se não o for a vida será mais diabólica ainda… E não adianta a guria, frouxa existencial, vir me dizer que vai casar com um cara rico e que não vai precisar desse “casamento” com uma profissão. Tenho nojo de quem pensa assim.

E se estou nesta delonga, leitor/a é porque o que mais vejo nos Vestibulares são jovens perdidos, dando voltas sobre si mesmos, tontos, sem saber para que faculdade ir. Disso resultam carreiras frustradas, pessoas depressivas, fracassadas existências…

Muitíssimos escolhem a carreira por prestígios momentâneos, afinal, a sociedade leviana aplaude quem cursa determinas faculdades, despejando o mesmo grau de desdém pelos que vão para os cursos de “humanas”. A sociedade é assim e não vai mudar, sempre foi assim.

Blaise apenas relembrou, repassou um velho conselho para que as pessoas sejam um pouquinho mais felizes: tenham um trabalho como carreira e esse trabalho como paixão. Nada mais.
E se você me perguntar: fizeste isso, Prates? Respondo que sim, por oapção pessoalíssima, ainda que a família me tivesse acenado alguns caminhos mais fáceis, aquelas coisas de amigos com “prestígio” para ajudar, aquelas coisas. Como sempre fui teimoso, segui o coração e fiz, por isso, voto de pobreza: casei com o jornalismo.

Coitada
Fato. Uma coitada limpava o pó das salas de uma repartição da Justiça catarinense e bufava, para quem passava por ela, impropérios contra o Temer. E ninguém lhe perguntou se ela passou a ocupar a atual função dela agora, depois do Temer. Ninguém perguntou. Pessoas ruins…

Falta dizer
Um sujeito lá de longe me pediu ajuda. Não vou ajudá-lo. Ele foi abandonado pelos pais, hippies, ao nascer. Foi adotado, amado, educado, cresceu e está muito bem, mas… Quer que eu o ajude a encontrar os pais biológicos. Não ajudo a ingratos de uma figa. Para que conhecer o inferno da rejeição e da irresponsabilidade?

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.