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Tudo tem seu tempo – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

15/02/2025 - 08:02

Quando Adão estava ansioso no paraíso, aposto que Eva dizia a ele: – “Adão, sossega o facho, tudo tem seu tempo, não é hora de comer uvas, espera mais uns meses…”. Aposto que Eva dizia isso ao inquieto Adão, porém… De lá para cá, nada mudou, tudo tem seu tempo, mas os humanos continuam jogando mal o tempo da vida. Vou explicar. Os jovens, por serem jovens, têm a maior parte da estrada da vida pela frente, os jovens não têm passado. Os velhos têm. E ao ter consciência da passagem do tempo, melhor é fazer todo o possível para diminuir as encrencas que vão aparecer na velhice. Em razão disso, começa a se multiplicar pelo Brasil o “cohousing”. Já ouviste falar? Traduzindo sem rodeios, “cohousing” é morar juntos, juntos, mas em casas separadas. Entrou na moda a construção de condomínios de pessoas amigas, conhecidas, que desejam envelhecer uns perto dos outros. O “cohousing” seria como o Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. Esses condomínios, chamados de “cohousing”, são construídos por pessoas com algum dinheiro, pessoas amigas, próximas, que compram o terreno e mandam construir suas casas, nada de mansões, casas pequenas, confortáveis e lado a lado umas das outras. Salão de festas, pequeno cinema, bibliotecas, tudo para o conforto e, mais que tudo, a “segurança” dos idosos. Claro que há um sólido estudo sobre quem vai morar lá, de modo que todos tenham seguranças ao envelhecer, afinal quem não sabe que hoje filhos que ajudam os pais na velhice são mais raros que ganhar na Mega-Sena sozinho… Se me perguntarem o que acho desses condomínios, nem pisco, acho uma idéia formidável, sem antes deixar de ser um grave sinal dos tempos. Acabaram-se as pequenas cidades onde todos se conheciam e muitos se ajudavam, acabam-se as famílias numerosas, e familiares generosos são mais raros que cavalos com cinco pernas, enfim… Prevenir é melhor que remediar. – Ah, quase esquecia, muitos podem suspirar para viver num desses condomínios só de conhecidos e amigos, porém… Não fizeram poupança, não pensaram no “amanhã”, de onde vão tirar o dinheiro agora para comprar o terreno e construir a casa? A razão de toda essa criatividade em torno dos “cohousing” é o medo (ou a certeza) da solidão e do desamparo na velhice. Credo!

EXEMPLOS

Se uma pessoa equilibrada sair às ruas para se inspirar em exemplos humanos, observando pessoas que andam pelas calçadas, vai voltar para casa desanimada. Os corpos, por maioria, viraram paredes de cadeias, riscados até nas orelhas, roupas de qualquer jeito, conversas reveladoras dos vazios internos, enfim, desânimo puro. E aí, fico me perguntando: como é que ainda há pessoas que casam? Onde encontraram um bom par? Onde, onde?

CATÁLOGO

Quando chegamos a um restaurante encontramos sobre a mesa um cardápio. Cardápio variado, para todos os gostos. E aí, o que escolher? Mesma coisa aqui fora, a vida nos dá todos os dias um “cardápio” de opções, somos livres para escolher os melhores “pratos”. O difícil é admitir que nossa vida resulta das nossas

escolhas. E é aí que o bicho pega, no amplo cardápio da vida, o que escolher? Cuidado com as “azias” nas escolhas, escolhas nossas.

FALTA DIZER

Religiões devem ser escolhas pessoais e de adultos, só de adultos. “Carimbar” crianças indefesas em credos religiosos ainda não entendidos por elas é falta de respeito, violência. Que a criança cresça, torne-se adulta e, aí sim, faça o que quiser de sua liberdade para crer por imposição ou descrer por iluminação.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.