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Timidez na arrancada – Claudio Prisco Paraíso

Foto: Divulgação

Por: Claudio Prisco Paraíso

26/03/2025 - 06:03

 

Considerando-se a baixa adesão e a tímida representatividade do evento que marcou o lançamento da pré-candidatura de João Rodrigues ao governo do estado, internamente o PSD está fazendo suas avaliações. Naturalmente, para o público externo, a mensagem é que foi um sucesso, que reuniu cinco mil pessoas. Pelo visto, contudo, foram de duas a três mil. No limite. Mas que tenha sido cinco mil. Tudo bem, aceitamos que tenha sido.
Estamos falando de um contingente que é possível mobilizar com ônibus acionados em vários municípios que foram deslocados até a Capital do Oeste. Mas o importante não é isso, e desde a semana passada temos batido nesta tecla. O fundamental é saber da representatividade. Não é a quantidade, é a qualidade que realmente conta.
O nome nacional foi Ratinho Júnior, governador do Paraná, hoje pré-candidato à Presidência da República. Ok, é um bom nome.

 

Envergadura

Vamos para Jorge Konder Bornhausen, também uma referência catarinense que brilhou no país como presidente nacional do PFL por quase quinze anos; cumpriu dois mandatos de senador e também foi governador. É alguém que, mesmo sem mandato, continuou a ter protagonismo em Brasília, o que é raríssimo. Estamos falando ali da década de 90 e do início do novo milênio.

 

Reforço

A sua presença, claro, engrandece a caminhada de João Rodrigues, mas, sob o aspecto prático, ele não está mais na lida da política. JKB se afastou há um bom tempo, até pela idade avançada. Agora, vamos para as lideranças estaduais.

 

Dupla

Essas duas figuras nacionais, embora uma sendo de origem catarinense, foram o suficiente para o evento. Mas, nas estaduais, quem efetivamente marcou presença que possa sinalizar que a arrancada foi para valer? Os três estaduais do PSD, o único federal do partido, um federal do União Brasil e outros dois estaduais do PP e União Brasil. Seriam esses? Muito pouco, convenhamos, muito pouco.

 

Naco

Dos 16 federais, apenas dois; dos 40 estaduais, apenas cinco apareceram em Chapecó. Nenhum senador. A representatividade do MDB, do PP, do Novo, de todos esses partidos, deixou muito a desejar. Até a do Podemos e a do União Brasil não foi uma Brastemp.

 

Caseiro

Sem falar nas ausências de pessedistas, como Topázio Silveira Neto, que administra a Capital do estado, a principal base do PSD, e já comprometido com a recondução de Jorginho Mello.

 

Distância

O ex-governador de dois mandatos, ex-senador, deputado federal, deputado estadual, três vezes prefeito de Lages, Raimundo Colombo, não deu as caras. Assim também fez Leonel Pavan, prefeito de Camboriú, ex-governador, ex-senador.

 

Risco

O lançamento precoce dessa pré-candidatura será um desafio para João Rodrigues. O raciocínio é o seguinte: ele tinha que colocar o bloco na rua com antecedência para buscar visibilidade. Ok, mas antecipou demais.

 

Contexto

Não tem nem três meses do mandato de prefeito para o qual ele foi reeleito. Estamos ainda em março de 2025. E a eleição é em outubro de 2026. João Rodrigues precipitou a disputa sucessória sem necessidade e não vai levar vantagem nisso.

 

Força da máquina

Jorginho Mello está no governo, tem a máquina, tem a maioria das prefeituras do estado. Somente o PL administra 90 municípios. Sem falar nos outros partidos que têm prefeitos que vão estar com ele. Tem ainda Jair Bolsonaro como principal eleitor. Então, até que ponto ele vai conseguir, João Rodrigues, manter essa candidatura de pé até outubro do ano que vem? Essa é a incógnita.

 

Viés

João Rodrigues, embora tenha garantido que vai para o governo do estado, estaria aí para negociar uma candidatura ao Senado? Parece improvável, se não impossível. Porque o PL terá dois representantes na chapa majoritária. Como serão duas vagas ao Senado, são quatro posições. Só que duas, ou as duas do PL, já estão definidas.

 

Geografia

Jorginho Mello candidato à reeleição ao governo e Carol De Toni ao Senado. E ponto final. Carol, recordista de votos nas eleições proporcionais de 2022, com quase 250 mil votos para a Câmara, no ano passado presidiu a poderosa CCJ na Câmara e, este ano, vai atuar como líder da minoria na mesma Câmara dos Deputados. É um nome que será respaldado tanto por Bolsonaro quanto por Jorginho.

 

Ex-rivais

Sobram duas vagas. Uma tem que ir para o MDB e a outra entre o PP e o Novo. Não tem espaço para o PSD. Sem falar no componente regional. Ora, João Rodrigues ao Senado? Aí seriam três representantes do Oeste para quatro vagas? Impossível. Numa eventualidade de o PSD vir a integrar a chapa majoritária, teria que ser o nome de outra região.

 

 

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