O setor moveleiro de São Bento do Sul e região constitui um dos pilares econômicos de Santa Catarina e figura como referência nacional na produção e exportação de móveis de alto padrão. Ao longo das últimas décadas, o mercado norte-americano consolidou-se como principal destino dessa produção, assegurando receitas expressivas e sustentando milhares de empregos diretos e indiretos. Todavia, a recente decisão do governo dos Estados Unidos, de impor tarifas adicionais sobre móveis brasileiros, traz desafios adicionais para preservar a competitividade em um cenário de custos elevados e margens pressionadas.
Segundo dados oficiais da Secretaria da Fazenda do Estado, 95% das exportações catarinenses destinadas aos EUA foram impactadas, somando R$ 9,4 bilhões em 2024. O setor moveleiro, fortemente concentrado no Norte e no Vale do Itajaí, encontra-se entre os mais afetados. As consequências já são perceptíveis: redução de turnos de produção, implementação de férias coletivas e busca urgente por estratégias de preservação do fluxo de caixa.
Com vistas a mitigar os efeitos da crise, o Governo de Santa Catarina anunciou um pacote emergencial de R$ 435 milhões, composto por medidas tributárias e financeiras. Dentre elas, destacam-se a liberação de créditos acumulados de ICMS, a postergação do pagamento desse imposto e linhas especiais de financiamento pelo BRDE, com juros subsidiados e prazos estendidos. No plano federal, o pacote envolve linhas de crédito extraordinárias e mecanismos de renegociação de dívidas, objetivando assegurar a liquidez e a capacidade produtiva das empresas.
Ainda que tais medidas representem alívio imediato, a superação desse cenário dependerá de ações estratégicas por parte do empresariado. É imperativo investir na diversificação de mercados, explorando oportunidades na América Latina, Europa e Oriente Médio; revisar contratos internacionais para incluir cláusulas de proteção contra variações cambiais e barreiras tarifárias; e intensificar a inovação em design e processos, de modo a agregar valor e diferenciação aos produtos.
A articulação da cadeia produtiva local, com alinhamento entre fornecedores e fabricantes, também se mostra crucial para otimizar custos, preservar empregos e manter a continuidade operacional.
Com estratégia, a adversidade pode converter-se em oportunidade para ampliar a presença internacional do setor, fortalecer sua resiliência e reafirmar a posição de Santa Catarina como protagonista no comércio exterior brasileiro.
Por:
Dr. Paulo Luíz da Silva Mattos
OAB/SC 7.688
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