Somos livres? Somos uma ova! Nossa liberdade tem dois alicerces. O primeiro é a liberdade da cidadania, do que podemos fazer dentro da lei. Fora dela, o bicho pega, ou o delegado… E a nossa segunda liberdade não é liberdade, é aparência. Acabei de ler um conselho que me foi enviado por uma amiga, ele me viu um tanto “pensativo”. Dizia assim, o conselho: – “Por melhores que sejam as ideias e conselhos que sua alma receba se interiormente você ficar em dúvida, o melhor a fazer é seguir a voz da intuição, a despeito de essa contradizer os melhores conselhos”. Obrigado, Márcia, beleza, amiga, mas… Não é bem assim. Uma pessoa nos aconselha um caminho, um bom caminho quando estamos em dúvidas existenciais e crista baixa diante de frustrações… E aí, seguir o conselho recebido, mesmo cheio de dúvidas por dentro? Segundo a mensagem da amiga, não seguir; seguir, isso sim, a nossa intuição. Aparentemente um bom conselho. Só que muitos de nós, a estupenda maioria, não seguimos nossas intuições. E o que são intuições? Intuições são conhecimentos sem consciência, sei que sei, mas não sei por que sei. Verdade socrática milenar. Ocorre, e é aqui que o bicho nos pega, as intuições não vêm do nada, elas vêm do que um dia aprendemos dos mais velhos que nos “educaram” com seus gestos, ações e falas. Nada está no intelecto sem que antes tenha passado pelos sentidos. Quer dizer, quando me deixo levar por minhas intuições estou me deixando levar pelos meus inconscientes, pelos aprendizados infantis e ao longo da vida. Nosso problema maior diante de um oportuno conselho é que recalcitramos em nossos condicionamentos, em nosso piloto automático da mente e ações habituais. Claro que é arriscado e não raro perigoso seguir conselhos, todavia, abramos os olhos, em muitos momentos o de que de fato precisamos é de um puxão de orelha, e esse puxão bem que pode vir de um conselho prudente. Para concluir, leitora, uma das nossas danações na vida, senão a maior e a pior de todas, é só concordarmos com quem pensa igual a nós. Quando um bom conselho nos chega ele só será seguido se for o que já tínhamos pensado… E daí, os tombos.
VIDA
Por que nas procissões religiosas, nas missas, nas igrejas, enfim, há muito mais idosos do que jovens? É porque o apito final está mais perto e se não tivermos um credo, uma espiritualidade regente, a vida se torna um silencioso desespero. Crer num Deus, ter uma vida espiritual é um refúgio para a consciência da finitude, consciência maior na velhice. Carl Jung já dizia isso, todos os que o procuravam com “mais idade” tinham um problema com questões espirituais… Quem crê vive melhor.
VERDADE
Sou vidrado em frases, elas resumem a vida em poucas palavras. Ouça esta, por exemplo: – “O desejo floresce, a posse faz murchar todas as coisas”! Vale para o amor? Enquanto ela, ou ele, não for nosso o amor floresce, cresce, certo? E depois do “casamento”, e depois da “posse”? O amor murcha. É o que mais se vê. Mas, vão me desculpar, nesses casos nunca foi amor. Ué!
FALTA DIZER
Há momentos em que a pessoa tem que guardar a sua fé e não dizer mais nada. Dia destes, um barco afundou, vários morreram, dois não. Um dos sobreviventes, em entrevista posterior, disse que “Deus está com a gente”! Refinada estupidez e falta de respeito com os mortos. Deus os esqueceu? Cale a boca, tosco!