Só 16 anos?

Por: Luiz Carlos Prates

12/02/2016 - 08:02 - Atualizada em: 12/02/2016 - 08:36

Num passado não muito remoto as pessoas iam vivendo e, sem muito se dar conta, eram felizes, sem ranços neuróticos. Hoje as pessoas não querem mais ir vivendo… Elas querem, “precisam” ser felizes já. E desse “precisar” resulta um desespero, afinal, felicidade não se impõe, não se compra, nem mesmo se sabe, mais das vezes, onde ela está…

Acabei de ler que os jovens europeus viviam sua primeira experiência na depressão por volta dos 27 anos. Já acho isso ridículo, alguém ficar depressivo aos 27 anos, no máximo uma pequena e passageira tristeza, o que é bem diferente. E nessa leitura sobre a primeira vivência depressiva dos jovens europeus, caiu-me o cachimbo quando li que hoje a faixa etária dos principiantes em depressão é 16 anos… Como pode uma “criança” ficar depressiva? Sim, é perfeitamente possível neste mundo louco, transtornado, apodrecido de ordem moral, claro que pode.

E de onde vem essa depressão juvenil? De muitas fontes. Do mundo virtual, tecnológico, por exemplo, onde as pessoas têm centenas de amigos sem ter nenhum… Um mundo de parvos que ficam furiosos com a exibição dos outros sem se dar conta de que também buscam o melhor em si para se exibir.

Um mundo de caretas que se pensam modernos, uns pobres coitados, isso sim. Outra causa de depressão é a falta de um, no máximo dois, três já é impossível, amigos. Um amigo, uma única pessoa que goste de nós, em quem confiamos, pessoa com a autoridade para nos puxar pelo braço, fazer-nos sentar e nos dizer nos olhos: Tu és louco, louca? Quem tem esse amigo ou amiga, quem? Raríssimos.

Outra razão de as pessoas estarem enlouquecendo “antes do tempo” é o consumismo, a ostentação de consumo. É preciso que a “criancinha” chegue à creche já com a melhor mochila nas costas, uma mochila qualquer, de liquidação, ah, isso não, isso o meu filho não vai usar, dizem os estúpidos. E os filhos crescem tortos, regidos pelo consumismo, sempre mais e mais e sempre do mais caro. A conta não fecha, e a pessoa vai se apercebendo de suas pobrezas, a de bolso e a da cabeça, e cai na real, em depressão. Coitada, não foi educada. E assim com tudo. E sem falar nos casamentos, apressados, interesseiros e absolutamente sem amor. O que mais se vê por aí, são equívocos. Jovens se casando por amor? Só em filmes. Os de hoje fazem lua-de-mel lá na salinha dos fundos da balada, enjoam-se antes de casar e não casam, no máximo se juntam. Como não cair na depressão? O assunto é sem fim…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.