Em uma das entrevistas para o meu Pós Doutorado, entre 2022 e 2023, no Instituto Politécnico do Porto, em Portugal, sob o tema “Intuição como Catalisador do Empreendedorismo (“Intuition as a Catalyst for Entrepreneurship”), escutei do meu estimado primo, Décio Da Silva, Presidente do Conselho de Administração da WEG: “algo muito significativo para brotar a intuição é a ‘sincronicidade’, isto é, coincidências de encontros entre pessoas, surgimento imprevisto de fatos e acessos casuais a informações”.
Juro, envergonhadamente, que desconhecendo este vocábulo, fui pesquisar a fundo e não é que descortinei um vasto conhecimento, popularizado pelo suíço Carl Jung (1875-1961), fundador da psicologia analítica ?
Segundo Jung, eventos aparentemente coincidentes, de alguma forma, têm significado ou conexão pessoal para alguém. E essas ‘sincronicidades’ não são meramente acasos, mas sim manifestações da interconexão entre o mundo interno de uma pessoa (seus pensamentos, sentimentos, sonhos) e o mundo externo.
Pois, para este transcendental confuso (entre o espiritismo, cristianismo e judaísmo), que lhes escreve, os “acasos” podem, até, ser sinais de Deus para que se preste muita atenção ao entorno, adicionando-se contornos da física quântica entre mentes próximas fisicamente.
Isto lembra dois casos, também relacionados à WEG: o primeiro deles foi o encontro casual do Sr. Eggon (o “E”) com o Sr. Pamensky, numa feira no Canadá, em 1977. Da conversa do então Presidente da WEG com o representante de cadeados Papaiz (sem experiência alguma em produtos elétricos), brotou total crédito e o convite para ele vir a Jaraguá do Sul. Desta visita, surgiu a maior parceria internacional da WEG.
O segundo deles foi o meu encontro, também casual, com o Engenheiro Moacyr, o “number one” da WEG, na sacada de um apartamento na Praia de Piçarras, em pleno período de natal de 1978 e eu a um mês da partida para a Alemanha, para o meu Doutorado. Deste bate-papo na brisa informal do mar, decidi aceitar vir para Jaraguá do Sul, por apenas 01 ano, com o desafio de estruturar o Centro Tecnológico WEG. Pois bem, estou aqui nesta terra abençoada desde lá.
Sim, obras do acaso e coincidências são fenômenos intrigantes que permeiam nossa vida diária, muitas vezes desafiando nossa compreensão e crenças. Esses eventos aparentemente fortuitos podem assumir diversas formas, desde encontros inesperados até acontecimentos surpreendentes que moldam nosso destino.
Em outras palavras, o acaso muitas vezes nos coloca no caminho de pessoas e oportunidades que, de outra forma, nunca teríamos encontrado. É como se o universo, por vezes, brincasse conosco, nos apresentando lições valiosas ou relacionamentos significativos quando menos esperamos.
Por outro lado, as coincidências nos fazem questionar se há uma ordem invisível por trás de tudo. Como explicar os eventos que parecem estar interligados de maneira inexplicável?
Essas situações nos levam a refletir sobre a complexidade do mundo e nossa própria compreensão limitada.
Enfim, independentemente de como encaramos as obras do acaso e as coincidências, elas acrescentam uma camada fascinante (mágica) à nossa existência, recordando-nos de que o inesperado, incluindo as “sincronicidades”, pode ser uma parte essencial da jornada humana, desencadeando um turbilhão de emoções, desde surpresa e espanto até uma sensação de maravilha perante a imprevisibilidade da vida.
Por fim, no entanto, não devemos confundir coincidência com destino. Embora as obras do acaso possam abrir portas, o que fazemos com essas oportunidades ainda depende de nossas escolhas e ações.
Fecho o artigo com o próprio JUNG: “sincronicidade é a realidade sempre presente para aqueles que têm olhos para ver” …
