Em meio ao ritmo acelerado da vida moderna, a Sexta-Feira Santa em Jaraguá do Sul virá para nos lembram do poder dessa tradição que reúne a comunidades e desperta a espiritualidade. A procissão da Via Sacra, que atrai milhares de fiéis, além de um ato religioso, é um momento de pausa, reflexão e renovação de valores que transcendem a fé.
A encenação da Paixão de Cristo, com suas estações que simbolizam o sofrimento e a redenção, convida cada participante a uma jornada interior, questionando: como carregamos nossas próprias cruzes? Como lidamos com as dores alheias? Numa sociedade marcada pelo individualismo, a pressa e a superficialidade, a imagem de Cristo carregando a cruz sozinho, mas cercado por quem o acompanha – mesmo em silêncio – nos lembra da importância da solidariedade.
Jaraguá do Sul, conhecida por sua diversidade cultural e religiosa, mostra, mais uma vez, como a tradição pode ser um elo entre gerações. Avós, pais e filhos podem compartilhar uma herança de fé e, sobretudo, um espaço de diálogo sobre compaixão, perdão e resiliência. Em tempos de polarizações, a Via Sacra nos ensina que a verdadeira devoção não se limita a gestos externos, mas se traduz em ações que transformam o mundo ao nosso redor.
Que a Sexta-Feira Santa não seja só um dia de ritual, mas um convite à autêntica reflexão. Que cada passo da procissão possa inspirar devoção, gestos concretos de empatia, acolhimento ao próximo, no combate à injustiça ou na simples capacidade de ouvir. Afinal, a maior lição da cruz talvez seja esta: a fé, quando vivida com profundidade, nos une na dor, mas também na esperança de um recomeço. O momento que vivemos pede recomeço.