Sempre elas – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

03/04/2024 - 07:04

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Vamos recuar um pouco no tempo. Você lembra, leitora, quando uma mulher era chamada de “gata”? E o homem, quando era o caso, de gato? Bonitões. Passou o tempo? Passou coisa nenhuma. A linguagem hoje pode ser outra, mas os princípios básicos da estupidez continuam os mesmos. Sim, eu disse estupidez. Num primeiro momento podemos cair de amor por alguém, pela sua beleza. Mas esse cair de amor não existe de uma hora para outra. O que acontece nesses casos são os chamados amor à primeira vista. Já falei disso aqui. Quando encontro alguém e caio de amor por esse alguém, na verdade estou encontrando um tipo que eu já havia desenhado na minha cabeça como o meu tipo ideal. Quer dizer, o amor à primeira vista é apenas um encontro com alguém que já estava desenhada na minha cabeça. Estou neste assunto em razão de duas notícias que encontrei no site UOl. Duas mulheres e duas citações que se me afiguram abomináveis, elas apenas refletem o milenar cabresto em que vivem as mulheres: o cabresto de estarem em forma e bonitas. Na primeira notícia, uma foto e a legenda: – “N.S (não digo o nome) posa para comemorar a chegada dos 50 anos”. E como era a foto? A mulher, atriz, de salto alto, deitada no chão, pernas dobradas, de maiô… Visivelmente uma foto, uma pose, para mostrar-se ela como “inteira”, lindona, viva no “mercado”… No outro caso, outra vez, uma foto e a legenda: – “De biquíni, M… mostra resultado após emagrecer 23 quilos”. Mostrava por quê? O corpo, ora! E os homens? Ah, os homens podem estar do jeito que bem entenderem, ninguém lhes cobra nada e eles estão sempre muito vivos no “mercado”, no mercado das conquistas por parte delas. Que nojo desse tipo de sociedade. Um amor iniciado pela beleza dela ou dele não vai durar se não houver – dentro das pessoas – a verdadeira beleza, a beleza que o tempo não acaba, pelo contrário, o faz crescer. Uma pessoa com cabeça arejada, uma pessoa com bons modos, com educação, regida por um caráter bem desenhado, uma pessoa, enfim, que nos seja um prazer estar com ela, tenha o corpo que tiver será linda. Aí estará o verdadeiro e único casamento: o casamento com uma personalidade que seja encantadora a vida toda. Explicam-se os tantos divórcios…

CASAMENTOS

Sou casamenteiro da cabeça aos sapatos. Sei, todavia, que os casamentos estão ficando para mais tarde de parte das mulheres. Ah, que bela jogada, gurias? Casar sem ter independência, sem precisar depender do machinho é para poucas, mas essas poucas vão dar graças ao Senhor na hora da quase garantida separação. E isso preciso ser uma discussão caseira, familiar, desde o nascimento das meninas. Casar? Tudo bem, não sem antes absoluta independência. Ouviram, gurias?

DESIGUALDADES

Várias instituições estão a fazer constantemente pesquisas sobre desigualdades sociais pelo Brasil. A manchete mais recente diz: – “Curitiba é a capital menos desigual”. Tudo bem, mas ninguém nos pode fazer diferentes, desiguais, sem que permitamos, permitamos a nós mesmos. Sabes aquela conversa inventada por safados, aquela do – Mulher, sede submissa a vosso marido? Só uma pobre coitada pode aceitar tal tipo de estupidez. Que os “desiguais” ergam o queixo…

FALTA DIZER

Na Finlândia, as notas escolares são regularmente lidas em voz alta nas salas de aula. Quem tirar nota baixa que segure o tchan da vergonha, vai ser envergonhado na frente dos outros. Vivi muito isso nas escolas maristas. Desigualdades vergonhosas? Culpa dos vadios, de ninguém mais. Ué!

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.