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Segurar o queixo – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

08/11/2024 - 07:11

Os humanos se revelam por todos os poros, mesmo quando quietos num canto estão passando uma mensagem. Basta que alguém com olhos sagazes os observem para lhes ler a alma. Por mais que escondamos nossas vivências emocionais elas transbordam, escapam ao nosso controle. Aliás, os delegados de polícia são peritos nessas leituras, não existem bandidos que os enganem. O “troféu” dos bandidos lhes está garantido: as algemas. Mas a conversa é outra, é sobre nós: os “educados”. Você já notou que nos encontros familiares ou com amigos, aqui, ali, no bar, no pátio na hora do churrasco, em todos os lugares, as conversas são enfadonhas? Dia destes, eu estava num desses encontros, acabara de comer, ainda estava à mesa, mas… De repente, alguém que estava ao meu lado me deu uma leve cutucada na barriga, é que eu estava quase dormindo. Apoiava o queixo nas mãos e os olhos quase fechados. Fui “acordado” pelo leve cutucão. Mas por que eu estava quase dormindo? imagine, os amigos todos conversando e eu quase dormindo, motivo simples. Os assuntos eram enfadonhos. Um falava de alguém de sua família, outro fazia a mesma coisa, falava de alguém de sua família, dos filhos, dos pais, assuntinhos chatos. Esse tipo de conversa faz mal aos ouvidos. Mas é isso, as pessoas não têm o que falar, falam de parentes, da infância desconhecida para os outros e assim a “festinha” vai até o fim. Assuntos aborrecidos, nada para ouvir e gostar, curtir ou, mais que tudo, aprender. E por que é assim? Porque as pessoas não têm o que dizer, não lêem o jornal da cidade, da região, não ouvem jornalismo no rádio, não acompanham com os horizontes da cabeça abertos os telejornais e, mais que tudo, não lêem livros. Resumindo a ópera, não têm nada a dizer senão falar de amigos, parentes ou gente de quem nunca ouvimos falar. Imagine um vazio desse tipo numa relação conjugal. Mais das vezes, os casais falam de contas a pagar, de problemas com os filhos, de alguma encrenca no trabalho ou de alguma tolice muito pessoal, não há “conversa”, uma conversa que justifique o estar lado a lado… Melhor é segurar o queixo para não dormir.

REDAÇÃO

As redações, tantos nos vestibulares quanto nas escolas, são projeções das cabeças de quem as escrevem. O que deve valer para uma boa avaliação é a qualidade do vocabulário, a sintaxe, a criatividade do texto e tudo o mais a envolver o idioma. E é assim? Claro que não, entram na avaliação vieses religiosos, políticos e tudo o mais a envolver valores muito pessoais tanto de quem escreve quanto de quem avalia. O que penso? Prova merreca e político-partidária.

AJUDAS

Há momentos na vida em que precisamos de ajudas. Esperar por essas ajudas é o início da encrenca. Quem nos vai ou pode ajudar? Quase sempre erramos nesse cálculo, às vezes a ajuda vem de onde nem sonhávamos, outras vezes não vêm de quem nos devia ajudar. Solução? Crer, mas não esperar nada de ninguém, não é pessimismo, é sacrossanta verdade. E não esquecer o ditado: o santo não ajuda a quem “antes” não se ajuda. Esperar não é saber…

FALTA DIZER

Rotina. Publicidade de medicamentos no rádio… Terminada a mensagem de venda do remédio, o locutor fala acelerado, ininteligível, sobre as possíveis contraindicações do produto. Uma falta de respeito, uma canalhice que só num país abandonado essa safadeza é feita de modo impune. Solução? Proibições e cadeia. Ah, claro, e o povo acordar, ser Povo.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.