Antídio Aleixo Lunelli, deputado estadual
De tempos em tempos, o sentimento reaparece: a indignação de ver Santa Catarina, um estado que produz, trabalha e entrega resultados, ser tratado com descaso por Brasília. Não é novidade que nossa gente sente-se cansada de carregar nas costas um sistema que premia a ineficiência e penaliza quem faz a coisa certa.
É por isso que, em discurso esta semana, na tribuna da Assembleia Legislativa, fiz questão de ecoar uma frase que muitos catarinenses já repetiram — e que eu mesmo já disse em voz alta: às vezes dá vontade de separar nosso estado do restante do país. E não, isso não tem nada a ver com falta de amor ao Brasil. Pelo contrário: tem tudo a ver com o amor que sentimos por este país e com a frustração de ver tanto potencial sendo desperdiçado por decisões injustas e por uma máquina pública que muitas vezes serve a si mesma, não ao povo.
Enviamos bilhões em impostos e recebemos migalhas de volta. Não recebemos investimentos condizentes com o que contribuímos. Políticas nacionais que não valorizam quem dá certo. Isso cansa. Isso revolta. E quando o governador Jorginho Mello — num tom de desabafo — disse que os estados do Sul podiam “passar uma trena”, ele deu voz ao sentimento de milhares de cidadãos que veem o esforço de suas comunidades ser ignorado por quem deveria reconhecer e valorizar bons exemplos.
Mas é preciso ir além da crítica. Santa Catarina não quer se isolar. Nosso objetivo é outro: queremos inspirar.
Queremos mostrar ao Brasil que é possível fazer diferente — e melhor. E também de escolhas certas, feitas com responsabilidade e compromisso com a sociedade.
Temos a menor taxa de desemprego do país. Apenas 25% dos nossos trabalhadores estão na informalidade — contra 40% na média nacional. Enquanto no Brasil quase 19% dos domicílios dependem do Bolsa Família, em Santa Catarina esse número é de 4,4%. E seguimos como um dos estados mais seguros do Brasil, graças a investimentos contínuos em segurança pública.
Isso não se deve apenas ao governo. É reflexo de um espírito coletivo que se manifesta no voluntariado, na presença ativa da população em áreas como saúde e educação, na atitude de quem prefere arregaçar as mangas a cruzar os braços.
Santa Catarina é prova viva de que o Brasil pode dar certo. Mas, para isso, é preciso mudar o foco: sair da lógica do assistencialismo que acomoda e avançar para uma cultura de estímulo à produtividade, à meritocracia e à autonomia.
O Brasil precisa olhar para Santa Catarina não como um estado rebelde — mas como um farol. E se inspirar.
