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Riqueza que não protege: SC exemplo de progresso, mas falha feio na proteção às mulheres

Por: Editorial

08/08/2025 - 07:08

Santa Catarina figura entre os estados mais desenvolvidos do Brasil. Com altos indicadores de IDH, boa infraestrutura, economia diversificada e um dos melhores índices educacionais do país. O estado poderia ser exemplo também no campo dos direitos humanos. No entanto, convive com um paradoxo alarmante: é uma das unidades federativas que se destaca na violência contra as mulheres. Casos de feminicídio, agressões físicas, psicológicas e ameaças domésticas são registrados diariamente, muitas vezes em silêncio, dentro dos lares catarinenses.

Essa discrepância expõe a faceta estrutural do machismo tóxico que, mesmo em regiões de maior renda e escolaridade, continua enraizado em práticas culturais, padrões de comportamento e relações de poder. O crescimento econômico não significa, automaticamente, progresso social ou igualdade de gênero. Pelo contrário: em ambientes onde a aparência de sucesso esconde desigualdades e violências privadas, há uma tendência de invisibilização do problema. Isso contribui para a perpetuação do ciclo de abuso, culpa e omissão.

É nesse contexto que se torna fundamental a iniciativa do governo catarinense de lançar um edital para a oferta regionalizada de vagas em acolhimento às mulheres vítimas de violência. A proposta visa descentralizar o acesso à proteção e oferecer suporte mais próximo, especialmente em municípios onde não há estrutura adequada para abrigar essas vítimas com dignidade. Trata-se de uma ação que reafirma a responsabilidade do Estado diante de uma crise silenciosa, porém persistente.

Vale ressaltar, outrossim, que a violência contra a mulher não é exclusividade das classes menos favorecidas. Em Santa Catarina, ela desafia as estatísticas econômicas e escancara a necessidade urgente de políticas públicas continuadas, prevenção nas escolas, investimento em redes de apoio, rigor judicial e mudança cultural. O enfrentamento exige mais do que boas intenções: precisa de vontade política, orçamento robusto e uma sociedade disposta a romper o ciclo de silêncio.

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