Ana Kelly Brustolin
Nos últimos dias, meu nariz congestionado causou-me dificuldades para respirar… Efeito de uma gripe ou virose. No meio dessa turbulência, outras coexistiram. Coisas da vida – imprevisíveis – sem controle –, que me fizeram e fazem refletir sobre o incompreensível. Ironicamente, não apenas o nariz congestionado me fez perder o ar, mas também novos acontecimentos. Além do ar – não sei bem se perdi ou se ele ficou em excesso no meu corpo – igualmente perdi a paz, e até um pouco de esperança; porém não por muito tempo, porque é algo que cultivo e valorizo demais.
Tive dias de repouso físico, psíquico, mental e até emocional. Pausei leituras, compromissos, horários e situações… Trabalhos, treinos, providências, dias cheios de horários fixos, ou seja, uma absurda correria que o mundo célere, imperioso e cheio de vontades nos impõe e satura, e vamos aceitando como se fosse normal assim mesmo.
Curiosamente, esse tempo calhou em fim de férias, Carnaval e início de quaresma o que me favoreceu e me deu oportunidade de olhar minhas feridas. Conversar internamente comigo, me acolher, rezar, meditar (estou no caminho ainda), bem como me sossegar para recomeçar.
“Desapegar” tem sido meu exercício há uns meses. O desapego de coisas internas e externas tem me tornado mais plena e confiante e, atualmente, habita meus pensamentos recorrentes e minhas ações diárias. Nesse processo, enquanto me acolho, me cuido e me curo, alimento a esperança e as boas energias para novos desafios, vislumbrando a volta dos bons ares – aqueles que encontramos quando respiramos fundo e servem para nos dar fôlego!
Estamos em época de cultivar, praticar e partilhar a fé. Convicta estou de que “confiar nos outros” é sinal de “coragem” e “confiar em si mesmo” é sinal de “fé”, por esse motivo tenho escolhido e me permitido confiar mais em mim mesma e acreditar nos meus projetos, sonhos e ideais – que aliás não são “só” meus, mas, certamente, algo muito maior. Assim, essa fé tão forte e poderosa tem sido exercitada de dentro para fora, haja vista que a única coisa “limitada” nesta vida é o tempo, precisamos focar no valor que destinamos a ele.
Por fim, em tempos de redes sociais e demonstrações mil, a vida real acontece quando ninguém está olhando… E na hora “h”, a atitude coerente e firme exige (auto)conhecimento, comprometimento e perseverança. Já pararam para pensar que o amor mais belo não está nas fotos (nem nas postagens)?! Porque “a verdadeira essência” não necessita de plateia, muito menos de testemunhas… Como diz o provérbio latino: “Dum spiro, spero”, ou “Enquanto eu respirar, terei esperanças”. Viver é dar um sentido a esse respirar; viver é agir.
