Jurandir Sell Macedo
@jurandirsell
No filme “Feitiço do Tempo” (1993), um repórter cobre uma tradição peculiar: um conselho de anciãos consulta uma marmota para prever o clima do próximo inverno. O jornalista, interpretado por Bill Murray, expressa frustração com a tarefa repetitiva, que parece nunca mudar.
Assim como o “Dia da Marmota”, o pagamento do 13º salário no Brasil é outro evento recorrente que movimenta reflexões a cada ano. Jornalistas, economistas e planejadores financeiros frequentemente precisam abordar o tema. O 13º salário deve ser pago em duas parcelas até o final do ano. A primeira parcela pode ser paga entre fevereiro e o último dia de novembro, enquanto a segunda parcela deve ser quitada até o dia 20 de dezembro, descontado o adiantamento da primeira parcela.
Muitos se perguntam como utilizar esse dinheiro: investir, quitar dívidas ou gastar com bens e presentes de Natal? Para muitos, a principal motivação é realizar desejos de consumo acumulados ao longo do ano ou aproveitar a Black Friday para adiantar as compras natalinas.
O 13º salário não é apenas uma chance de realizar sonhos de consumo, mas também uma oportunidade valiosa para quem deseja começar o próximo ano com as finanças organizadas. Planejar o uso desse recurso pode ser um presente para você e sua família. Quitando dívidas, montando ou reforçando sua reserva de emergência, é possível iniciar 2025 com tranquilidade e paz de espírito, preparado para aproveitar melhor o novo ano.
É importante lembrar que os primeiros meses trazem despesas inevitáveis, como material escolar, uniformes e os custos das férias. Para evitar começar o ano endividado, reserve uma parte do 13º salário para cobrir essas despesas antecipadamente.
Outra estratégia interessante é investir em um plano de previdência privada. Quem faz a declaração completa do Imposto de Renda e contribui para o INSS pode investir em um PGBL ou plano fechado de previdência, deduzindo até 12% da renda bruta na base do IR. Isso significa começar o ano reduzindo sua carga tributária e ampliando sua segurança financeira no longo prazo.
Claro, é natural separar uma parte para presentes de Natal. No entanto, a troca de presentes, que deveria ser um momento de alegria e união, muitas vezes se transforma em uma corrida desenfreada pelo consumo. O Natal, que deveria ser um período de felicidade, reflexão e desprendimento, frequentemente perde esse significado. O sentimento de distribuir alegria dá lugar ao estresse de fim de ano, com muitas pessoas chegando exaustas à noite de Natal, após a intensa maratona de compras.
Por isso, é importante refletir sobre as consequências futuras do consumo exagerado. Vale mesmo a pena gastar todo o 13º salário, e até assumir novas dívidas, para um Natal grandioso? Ou seria mais sábio optar por uma celebração mais contida, que preserve a segurança financeira e traga paz de espírito para o novo ano?
Que tal usar sua renda extra para melhorar sua situação financeira e, ao mesmo tempo, resgatar as verdadeiras raízes do Natal? Lembre-se: o Natal não é uma festa do consumo. Para quem abraça sua essência, é um momento de estar entre as pessoas que amamos, de refletir e compartilhar presença, e não apenas presentes. Afinal, o maior presente é, verdadeiramente, estar presente entre aqueles que amamos.