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Quem nos incomoda? É muito rara uma pessoa que se dá bem com ela mesma

Por: Luiz Carlos Prates

07/06/2017 - 09:06 - Atualizada em: 07/06/2017 - 12:07

Estava aborrecido, chateado mesmo, nada que fosse de algo meu, pessoal, algo que eu tivesse feito. Deixaram-me assim, esse o problema. Sim, eu sei, você vai me dizer que não importa o que nos façam, importa o que nós fazemos com o que nos façam, sei disso, sei muito bem, mas… Tudo tem limites.

Chateado, fui à minha “farmácia”, ela tem o nome de Farmácia dos Pensamentos, um livro antigo e onde você pode encontrar o “remédio” de que precisar. O livro tem várias seções, com frases para todos os momentos humanos. Uma farmácia com “remédios” para tudo…

Fui folheando o livro, página após página, precisava achar um “remédio”, um remedinho que fosse… Achei, estava na página 26, no capítulo sobre Ensinamentos. E o que li foi o seguinte: – “Alguém entrou no quarto de um poeta e perguntou: – Por que ficas aqui sozinho o dia inteiro? O poeta respondeu: – Agora que entraste, eu realmente estou só, porque me separaste de Deus!”

Essa frase pode ser interpretada de vários modos. O poeta estava sozinho? Não, ele estava com ele mesmo e estava bem, estar bem é estar com “deus”… Quantas vezes você já ouviu dizer que quem tem vida interior não sente solidão? O diacho é que é muito rara uma pessoa que se dá bem com ela mesma, e sozinha se sente feliz, raríssimo. Vem daí que a maioria precisa de ruídos, companhia, entretenimentos, lazeres que distraiam, afinal, para essa maioria é insuportável estar consigo mesma…

E quem me chateou? E quem a chateia, leitora/or? Eu mesmo, você mesma, nós mesmos. – Ah, mas me tiraram do sério! Mas o que é mesmo que vale a pena para nos tirar do sério? Mais das vezes, o que nos tira do sério são tolices inconsequentes.

Se for algo que não nos é possível evitar ou resolver, é entender isso e dar de ombros. Sei, é fácil dizer, ocorre que o que mais nos tira do sério no dia a dia são pequenas bobagens, tolices que nunca seriam levadas a sério por quem se encontra numa UTI. E são poucas as pessoas que se encontram numa “UTI” na vida aqui fora, a maioria agiganta problemas que não são na verdade problemas. São costumes, hábitos.

Achei o “remédio”. Eu estava sozinho e de bem com a vida, mas permiti que abrissem a porta do meu bem-estar para uma perturbação irrelevante, ah, convenhamos! Ninguém pode ter o poder de nos chatear. Fechei o livro, fiquei melhor, o “remédio” funcionou.

Vida
As pessoas, muito frequentemente, adoecem por causa de sua incapacidade para o prazer. Alguns podem achar estranho, afinal, vivem se divertindo. Aí pode estar o equívoco. Muitos dos nossos prazeres e divertimentos sociais são determinações desse mesmo tecido social. Quem ficar de fora é bicho-do-mato, pobretão, isso e mais aquilo, daí que fazemos o que não nos dá prazer pensando que dá. Estúpidos. Ser genuíno é ser feliz.

Falta dizer
Antes de assinar um contrato com qualquer operadora de telefonia ou plano de saúde, lembre-se de que no contrato as letras grandes “dão” e as miúdas “tiram”. Os contratos têm muito mais letras miúdas que grandes. Cadeia, safados.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.