Que mulher! – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

15/05/2024 - 07:05

Tudo o que se nos afigura inimaginável bem que pode tornar-se realidade. Nosso exemplo mais próximo está vindo do Rio Grande do Sul. Olhando aquela devastação toda, penso nas pessoas já de certa idade que fizeram por longos anos esforços “inimagináveis” para ter, para construir sua casa, o lar da família. Pessoas que materialmente perderam tudo. Ao meio dos dramas, ouvi uma mulher entrevistada num abrigo, ela e os filhos, um menino e uma menina, de uns cinco, seis anos. A mulher sentada sobre um colchão, filhos ao lado, dizia que sentia muito pelo que perdeu, um vida de esforços para chegar àquela casinha simples, mas confortável, a casa dela e dois filhos. Não vi marido, nem ela falou de marido, nenhuma novidade, afinal, 55% das mães brasileiras são mães-solo. Mas o que me encantou na fala dessa mulher “flagelada” foi ela dizer que sentia pelo que perdeu, a casa, móveis, tudo, mas que estava muito feliz: – “Estou com meus filhos aqui, sãos e salvos, comigo”, foi o que ela disse na simplicidade dela. Baita mulher, ela fez uso daquilo que ouço todos os dias nos palestrantes americanos que escuto quando saio para minha caminhada: gratidão. Gratidão é um ato de consciência sobre o que temos de bom na vida, não pelos valores materiais, mas pelo que significam em nosso dia a dia numa felicidade pouco percebida. Valores que só serão notados quando perdidos. Costumamos chorar pelo leite derramado, não raro, um “leite” bem simples, que não nos faz dele dependentes, mas ainda assim, choramos, lamentamos, nos damos aos diabos pela perda. Um lamento por muito pouco. Gratidão é um ato de consciência sobre o que de fato pesa em nossas vidas, a começar – por que não? – por um simples café quentinho pela manhã. Gratidão é celebrar a vida pelas coisas simples de que gozamos e que são os alicerces da nossa felicidade. A mulher flagelada entrevistada no Rio Grande do Sul perdeu todos os seus bens materiais, uma casinha e o que havia dentro, mas ela se dizia feliz por ter ao lado dela, no abrigo, os dois filhos. Um ato de iluminada consciência. Mas fico pensando no marido, no pai das crianças… Por que terá dado no pé? Certamente por ser um covarde vadio, viúva ela não era…

RIQUEZA

Miseráveis os que se atolam no barro dos partidarismos pútridos. E bem-aventurados os do povo que diante do sofrimento de alguém não olham para os lados, agem como o bom samaritano e se jogam no auxílio aos necessitados. Milhares fizeram e ainda fazem isso no Rio Grande do Sul. Já os asnos humanos postam fake-news, inventam histórias e se atolam mais ainda no lixo moral em que vivem. Não é uma indireta, é uma direta.

RESPEITO

Os legisladores e os aplicadores da lei não deviam (não deviam, eu disse…) olhar para os lados, mas legislar e aplicar a lei sem dó nem piedade, seja em quem for que desrespeitar o princípio milenar do “a cada um segundo suas obras”. Estupradores, ladrões e assassinos estão se aproveitando do caos por que passa o Rio Grande. Cadeia pesada ou pior ainda a esses demônios. Nenhuma desculpa ou leveza na férrea aplicação da justiça!

FALTA DIZER

Um traste, “famoso”, artificialmente famoso por tretas de televisão, voou lá do norte para “ajudar” os necessitados em Porto Alegre. Ficou um dia, fez fotos fajutas, “encenadas” e deu no pé. Fez tudo para parecer bonzinho. Esse tipo de gente é o que mais anda por aí… Lixos!

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.