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Quantos vivos vivem? – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

07/10/2025 - 07:10 - Atualizada em: 07/10/2025 - 08:49

Vou entrar na nossa conversa de hoje por um corredor escuro: o do suicídio. Já foi mais do que comprovado que pessoas idosas e até mesmo com muitas encrencas na vida não se matam. O índice de suicídios diz que jovens e pessoas de meia-idade são os mais apressados para chegar ao ponto final. O ser humano é um paradoxo. Ah, e antes de ir adiante, já foi mais que comprovado que moradores de ruas, mendigos, nunca se matam. Não é também curiosa essa estatística? Sem esquecer que no tempo em que havia “hospícios”, hospitais de doentes mentais, onde famílias descarregavam seus familiares “doentes”, não havia ataques cardíacos. A razão, para muitos, era simples: como as pessoas estavam vivendo em freqüências mentais fora das convencionais, seus corações batiam tranqüilos, não havia inquietações… O suicídio convencional é uma desistência, um não ver horizonte ensolarado na vida, mas… Espere um pouco, então, a vida está cheia de suicidas vivos, pessoas que deixam de lutar pelo que deviam lutar, que se entregam sem a consciência de que – Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê! Uma mulher que viva num casamento infernal é uma suicida viva de sua vida, não luta, espera por um “milagre”, milagre que não vai acontecer, ela sabe disso… É como o parvo que quer salário maior, promoção, respeito e ajudas no trabalho, mas não move uma palha para ler um livro, para melhorar sua performance convencional no trabalho… Quantos e quantos nessa fila? Há incontáveis modos de “suicídio” na vida. Aliás, um dos venenos da hipocrisia, e aqui a imprensa de modo geral, entra com os dois pés, é não contar a causa mortis de muitos suicidas. Saber nos faz pensar, conversar, trocar idéias, melhorar nossas vidas ou vidinhas. Hipocrisia não ajuda em nada. Claro que as famílias não vão falar de seus suicidas, gente do mesmo sangue, sempre fica a desconfiança de que a família não fez a sua parte. Norman Cousins, escritor americano, escreveu um dia que – “A morte não é a perda maior. Nossa perda maior é o que morre dentro de nós enquanto vivemos”. Bom, amigo Norman, então o que mais anda por aí são fantasmas humanos, pessoas que não lutam bravamente por seus sonhos, pessoas que são, bah, maioria, mortos vivos.

EXEMPLOS

Acabei de rever uma foto antiga. O falecido presidente americano, John F. Kennedy caminhando, num momento de lazer, pelos pátios da Casa Branca. Ao lado dele o filho, gurizinho, John Júnior. O pai caminhava com as mãos cruzadas para trás, e o garotinho caminhava do mesmo jeito. Uma lição. Os pais educam mesmo não falando, crianças no “período de molde” internalizam tudo. E isso explica muito do que anda por aí, ô…!

INFERNO

Passei a minha infância ouvindo diariamente que quem morresse em estado de pecado mortal iria para o inferno e do inferno nunca mais sairia. Estupidez boçal contra crianças, medo imposto. E acabei de ler Rubem Alves, no seu livro “Do universo à Jabuticaca”: – “Um Deus que é todo amor não pode ter no seu universo uma câmara de torturas eternas em que as almas sofrem por pecados cometidos no tempo”. E quantos viveram e vivem esse condicionamento mentiroso?

FALTA DIZER

Manchete BBC-News Brasil: – “Conheça os brasileiros que estão deixando Portugal por causa do aumento do custo de vida”. Sim, eu os “conheço”, são levianos que fogem do Brasil achando que lá fora pode haver um único país, paisinho, melhor que o Brasil. Frouxos. O Brasil é o mundo!

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.