Quando decidimos não aceitar a condição, uma nova história é escrita

Foto: Freepik

Por: Andreia Chiavini

30/05/2024 - 14:05

A vida parece uma estrada linda, mas de repente, existem momentos em que ela é sugada. Todos os planos, os sonhos parecem ser arrancados de nós. Um buraco se abre e a queda é livre, sem paraquedas. Uma condição que não se deseja viver, nem no pior pesadelo poderíamos pensar que seria possível acontecer.

Um diagnostico, um prognóstico ruim. Uma filha pequena, metástases pelo corpo e corações destruídos. Tão jovem, como pode? Essa era a condição. Aceitar e fazer aquilo que estava no protocolo, sofrendo diariamente os efeitos colaterais físicos e emocionais. A luz vermelha acesa. Era o fim.

Mas quem determina como será o ponto final? Viver na prisão do diagnóstico não era o destino. Não podemos viver a vida como se estivéssemos numa sala de espera, acreditando que é ali o nosso lugar. Ali seria um lugar seguro, mais fácil, poderíamos gerenciar tudo e nada sair do campo de visão.

Aceitar a condição é deixar a vida passar, é sobreviver à vida sem pensar que já tem um fim. Porque ela acaba e não teremos tempo para viver a vida como ela é. A decisão é não aceitar a condição. Enfrentar todas as neblinas e tempestades.

Amar, sofrer, chorar, sorrir, perder o chão. Ser a própria mudança, seguindo em frente. Erguer a cabeça e tomar decisões. Peito aberto, pés no chão, sonhando com as estrelas no horizonte, dando as mãos, entrelaçando os dedos e tendo fé.

As decisões erradas auxiliam no ajuste de rotas e constrói histórias de superação. Porque nos superamos, até o ultimo instante, tivemos medo, nos tornamos vulneráveis, mas seguimos com coragem. Anos de luta, anos de glória.

Perdemos a batalha, mas a terra foi mexida, as ondas do mar ouvidas, a grama esmagada pelo pé descalço, a pipa sentiu o vento a levar, o filho aprendeu a andar de bicicleta, a chuva foi sentida, as estradas foram curtidas, a cozinha ocupada e o escuro se tornou brincadeira.

Construímos memórias, o sol se pôs e o vento bateu em nossos cabelos. Não foi fácil, não é fácil, mas foi mais leve. Muitos capítulos foram escritos, em uma história, que sem a decisão, teria sido apenas mais uma condição.

 

 

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Andreia Chiavini

Fisioterapeuta especialista em Fisiologista do Exercício e Certificada em Pilates, TRX e RPG. Crefito: 77269-F.