Hoje é tão difícil encontrar alguém ingênuo, ingênua, quanto encontrar um dinossauro no centro da cidade. Bem mais difícil. Ingênuo é um modo educado de chamar alguém de ignorante? Pois é, mas ser ignorante não é pecado quando a ignorância se refere a algo que não nos é indispensável, afinal, quantas coisas na vida ignoramos? Muito mais do que as que sabemos. Deixe abrir a porta da nossa conversa. Ela começa por uma manchete, manchete de uma coluna de uma jornalista paulistana. Ela escreveu como título de sua coluna: – “Casei com um príncipe me separei de um sapo”. Abaixo da manchete a história da vida dela, de um casamento fracassado. Claro que o título da coluna foi um título jornalístico, “teatral”, mas… Vou tomá-lo por verdade, afinal, quem não sabe que a maioria que anda por aí casa com sapos imaginando que são príncipes. Coisa chata ter que repetir o que vivo dizendo, porém… Não há como evitar. Quando estamos interessados em alguém ou em alguma coisa tendemos a ver só o que queremos, desejamos. Nenhum príncipe se torna um sapo, como nenhuma princesa se torna uma cobra… Eles e elas sempre foram o que foram e são. Nós é que não queremos ver os “sapos” e as “cobras” nos outros. Essa história de “delegacias” de que ele não era assim, ele ficou assim, é conversa de gente fraca que não quis ver que estava entrando numa canoa furada. Para pessoas que têm ouvidos de escutar nada lhes passa batido, tudo é notado. E assim para os que também têm olhos de perceber. Um simples passar a mão no nariz já revela alguma coisa ou muito da pessoa, imagine, então, o que não revelamos pela fala. E é bom não esquecer que ninguém é santo ou santa, todos temos nossos “pecados” comportamentais, mas não podem ser pecados mortais, têm que ser pecadinhos veniais… Ser a pessoa desatenta a comportamentos banais, que não nos infernizam, que nos fazem sofrer, mas apenas dar um gemidinho não é problema, os problemas vêm, aí sim, do caráter. Deslizes do caráter, da instância moral, não podem ser relevados. É por isso que se diz que – é de pequenino que se torce o pepino. Por isso, educar severamente as crianças, os filhos, diante de seus “pequenos” delitos de caráter.
EXPLICAÇÃO
Num consagrado portal de notícias, um colunista escreveu uma nota cuja manchete era esta: – “Não entendo o porquê de Chavez ser um sucesso até hoje na tevê”! Ora, colega, muito fácil explicar: filmes com enredo a “maioria” não entende, livros não lêem, piadas têm que ser aquelas de creches bem infantis ou de motéis… Bom, para encerrar a conversa é só olhar o “mapa político” do Brasil, notar o que prepondera. Bah, Socorro, ONU!
VIDA
Vivemos, mais do tempo, e não pensamos no que pensamos. Exemplo? Muito fácil, gostamos de certezas na vida, o que é incerto nos incomoda, todavia… Ter certeza e data marcada para algumas coisas indigestas da vida leva muitas pessoas ao “ponto final” mais cedo. Quando não temos certeza lutamos bravamente por tudo o que desejamos, mas… E os indesejáveis? É mortal ter certeza do mortal…
FALTA DIZER
A frase é do sagaz escritor paraibano Ariano Suassuna (1927/2014): – “O sonho é que leva a gente para frente. Se a gente for seguir a razão fica aquietado, acomodado”. Genial, mas… Vou acrescentar um reboco: penso que a razão nos dá força, garra quando não somos vadios existenciais, medrosos de uma figa. Maioria.