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Presente dos céus – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

15/03/2025 - 08:03

Vamos imaginar a cena… Estamos numa festa, várias pessoas ao redor da mesa. Todas as pessoas mais ou menos do mesmo tipo, mais ou menos o mesmo saldo bancário. Pessoas de bom nível, todas na mesma faixa social e todas falando umas com as outras o tempo todo, porém… Uma dessas pessoas quase não abre a boca, sorri, concorda com um movimento de cabeça, mas as palavras são escassas. Como o grupo reage diante dessa pessoa “silenciosa”? O grupo se inquieta, fica pensando de tudo um pouco, desconfia da pessoa silenciosa, passa mesmo a temê-la, a imaginar coisas nada agradáveis, medo, enfim… E vem dessa postura o velho aforismo romano, aquele do – “Fala, se queres que te conheça”! Quem fala pouco provoca dúvidas, medos e comportamentos nada simpáticos, ou intrigantes, diante da maioria. Em outras palavras, se as palavras nos revelam, o nosso silêncio assusta. E dizendo isso, me lembro daquela outra frase esperta, aquela que diz que – “O mais profundo anelo, desejo, da natureza humana é o de ser apreciado”. Quando nos admiram, quando nos elogiam, mesmo quando nos dizem uma mentira agradável ficamos como os cachorrinhos faceiros, sacudimos o rabinho, o rabinho da felicidade. Vem dessa verdade muito das nossas mentiras e muito mais da nossa encrenca com quem se nos afigura pessoa misteriosa, pessoa que fala pouco e escuta muito. Talvez por todas essas razões e verdades, foi criada aquela outra máxima romana, a que diz que – “A virtude está no meio”, quer dizer, nem lá nem cá… A grande questão é que se falarmos as nossas verdades, verdades, não vai faltar quem nos inveje ou fale mal de nós, tudo por inveja, afinal, poucos gostam de ouvir das virtudes alheias. E se ficarmos no pessimismo ou falando mal de quem não nos está por perto, ah, seremos depreciados. Resumindo a ópera, parece mesmo que as frases milenares são incontestáveis, como esta outra que diz que não foi de graça que a vida nos deu dois ouvidos e uma só boca, isto é, faz sentido ouvirmos mais do que falamos. E será que tudo isso se aprende na escola? Jamais. Essa virtude é traço pessoal, presente dos céus…

CASAMENTOS

O conselho para os pombinhos é direto: – “Nenhum relacionamento se tornará ditoso, se não houver renúncia de parte a parte entre os que se gostam. Jamais haverá verdadeiro amor sem renúncias”. E que os pombinhos não me perguntem que tipo de renúncia… Eles sabem, ô, se sabem. E elas têm que perder a mania de pensar que um dia vão poder endireitar uma taquara torta, ah, não vão, mas elas teimam em acreditar nessa fantasia. Dá no que anda por aí, não é mesmo, delegado?

CRENÇAS

A frase a seguir (verdade sacra) é do escritor Rubem Alves: – “Deus nos dá as asas do pensamento para voar. Os homens nos deram as gaiolas da religião”. Sem discussão. Passei minha juventude ouvindo falar sobre pecado-mortal, o pecado que leva a pessoa para o inferno e do inferno nunca mais sair. Um desses pecados era não ter ido à missa no domingo e morrer sem antes ter se confessado ao padre… Na verdade, um pecado inventado para o “lucro” das igrejas…

FALTA DIZER

Se alguém lhe perguntar: quem é você? Você só tem uma resposta: sou muitos. Essa resposta é a mais asseada verdade. Tudo começou na primeiríssima infância, com os adultos que nos cercaram. Como evitar que esses “todos” que nos moldaram continuem nos moldando? Impossível.

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.