A economia de mercado, a privatização, as parcerias público-privadas e enxugamento da máquina pública foram as grandes vencedoras das Eleições 2016 em Santa Catarina. Pela primeira vez as pesquisas mostraram o desemprego fazendo companhia à saúde, educação, mobilidade e segurança entre os maiores problemas apontados pela população.
Foram vencedores candidatos com perfil empresarial, preocupados em gerar emprego e renda, em não estourar as contas e concentrar investimentos nas necessidades básicas da população, buscando parcerias para tocar o resto. São gestores como Udo Döhler (Joinville), Antídio Lunelli (Jaraguá) e Wilson Trevisan (São Miguel do Oeste), que trabalham no ritmo “chão de fábrica”.
Ou então Napoleão Bernardes (Blumenau), que teve a coragem de deixar sua cidade sem ônibus em janeiro deste ano, para romper um contrato de concessão considerado deficiente e deficitário. Também há casos de ousadia e rompimento com as velhas formas de administrar, como o caso de Rio Negrinho, onde o jovem Julio Ronconi anuncia uma agência de fomento e um observatório de gestão.
Alegria e tristeza
O cobertor está curto também para os aeroportos catarinenses. O secretário de Infraestrutura João Carlos Ecker bateu o martelo com o Governo Federal: o que tiver de dinheiro vai para quatro terminais. “Prioridade um é Chapecó”, diz Ecker, que tem apoio da Secretaria da Aviação Civil para aumentar a capacidade e fazer um novo terminal, com R$ 150 milhões.
O aeroporto – deficitário – é administrado pela prefeitura. O anúncio causa frustração em São Miguel do Oeste, onde empresários e entidades já iniciam um movimento em favor do aeroporto local.
Os outros três
Outra prioridade é Navegantes. O Fórum Parlamentar Catarinense garantiu R$ 150 milhões nas emendas orçamentárias. Na Serra, Correia Pinto espera pela homologação da Anac. É provável que então o vôo diário da Azul Lages-Campinas (SP) seja transferido para Correia Pinto. E o quarto eleito para receber obras é Jaguaruna, que vai ter pista ampliada e vai focar também no transporte de carga. Joinville (leia-se o Norte catarinense), que precisa de ampliação ou de um novo terminal, ficou de fora.
Um novo cenário
As Eleições 2016 também representaram uma grande derrota para os chamados “políticos profissionais”. O maior exemplo foi o de João Dória, em São Paulo. Por isso, Florianópolis fica fora da nossa análise: disputaram o segundo turno dois políticos de carreira. O perfil empresarial dos novos gestores abre as portas para a candidatura de Udo Döhler (PMDB) ao governo do estado.
Efeito Lava Jato
Nenhuma projeção de cenário político e econômico em Santa Catarina vai dar na mosca se não for levado em conta o fator Lava Jato. A expectativa é a pior possível nos meios empresariais, onde, é claro, o assunto é tratado com toda a reserva. O que se teme é pelo modelo catarinense, que apesar de construído pela iniciativa privada, foi todo costurado pelo ex-governador Luiz Henrique.
Melhor para negócios
Jaraguá do Sul ficou em 5º lugar (64º. no Brasil) entre as melhores cidades catarinenses para investir em negócios segundo a pesquisa Urban Sistems/Exame. Ficou acima de São José, Chapecó, Criciúma e Tubarão. Somente nove municípios ficaram entre os 100 melhores do país. Florianópolis ficou em 7º, Itajaí em 40º, Joinville em 49º, e Blumenau em 69º lugar. Entre os indicadores para a escolha, número de trabalhadores, situação de Saúde, Índice de Desenvolvimento Humano e Educação.
Tristeza de um lado
Dizem que as coisas pararam de piorar no Brasil. Mas um dos termômetros da crise, o mercado de automóveis, ainda está com febre alta. Até setembro, 130 fabricantes de autopeças já faliram, outros 105 pediram recuperação judicial, segundo o Instituto Nacional de Recuperação Empresarial. Entre elas, a Wetzel, de Joinville, um dos ícones da indústria catarinense, que teve que demitir e ainda não dá sinal de virar o jogo.
Alegria do outro
Na contramão da crise automobilística, trafega feliz o mercado classe A. Paulo Toniolo, sócio da DVA, com uma história de solidez na revenda de caminhões Mercedes Benz com polos na Grande Florianópolis, Blumenau, Joinville e Balneário Camboriu, comanda pessoalmente o lançamento do Compass, da Jeep. A DVA já tem uma boa estrada na revenda de automóveis na faixa de R$ 70mil a R$ 150 mil. Representa a FCA, que tem sob seu guarda-chuva a Chrysler, Jeep, Dodge e a Ram.
“Mercado vai mudar”
Ao lado do Compass, lançamento mundial que aqui vai custar entre R$ 99 e R$ 149 mil, Toniolo diz que a DVA trabalhou com “enxugamento de custos e, em vez de demitir, preferimos manter nossos profissionais em constante treinamento”. Isso porque ele tem certeza de que “o mercado vai mudar e vamos precisar mais do que nunca dos nossos 500 colaboradores”.
Uma lição de casa para novos prefeitos
Para a gente ter uma ideia de como as coisas mudaram depois destas eleições, mais de 40 prefeitos eleitos e reeleitos no Paraná reuniram-se sexta-feira em Londrina, sob a batuta do deputado federal Alex Canziani (PTB), para uma “aula” sobre nova gestão municipal, desafios orçamentários e geração de emprego e renda. O deputado também é muito importante para os jornais do Interior: é presidente da Frente Parlamentar em Apoio à Mídia Regional.