Por Eduardo Ribeiro
Presidente do Partido Novo
Um traço bastante comentado sobre histerias e apedrejamentos virtuais é o duplo padrão. Enquanto figuras da esquerda são perdoadas e tem seus “deslizes” interpretados de forma benevolente, aos opositores da hegemonia cabe apenas o furioso apedrejamento. Um comportamento ainda mais nocivo surgiu nos últimos dias: o de atacar e criticar um líder por ele ter dito palavras que simplesmente não disse.
Foi o que ocorreu com o governador Romeu Zema. Em entrevista ao Estadão, Zema destacou a necessidade dos estados do Sul e do Sudeste fortalecerem sua representação política em Brasília. O jornal acabou chamando a iniciativa “contra o Nordeste”, apesar do governador não ter usado essas palavras em nenhum momento.
A igualdade na representação política não é só uma questão de justiça, mas um fator necessário para evitar tensões regionais e manter a unidade nacional. Lutar por essa igualdade é algo que se espera de qualquer líder que tenha a intenção de defender os interesses de seu estado. Como lembrou o governador gaúcho, Eduardo Leite, os governadores precisam se unir em torno do que é pauta comum a seus estados.
Apesar disso, e apesar do Estadão ter corrigido a manchete horas depois, a turba enfurecida não se conteve. Flávio Dino, o ministro da Justiça que atribui para si o direito de definir o que é verdade e diz combater as fake news, deu força aos ataques e à desinformação. Afirmou que Zema estaria “fomentando divisões regionais”.
É com esse nível de interpretação de texto e cuidado com a verdade que Flávio Dino espera combater a “desordem informacional”?
Não custa lembrar da formação do Consórcio Nordeste em 2019. O mesmo Flávio Dino, então governador do Maranhão, junto com Rui Costa (PT), da Bahia, e Camilo Santana (PT), do Ceará, lideraram a formação desse grupo criado para defender os interesses da região. Ninguém foi acusado de “separatista” ou “traidor da pátria” pela iniciativa.
Além do oportunismo político, Zema foi alvo da imprensa militante. Foi chamado dos adjetivos mais abjetos por pessoas que não leram ou fingiram não ter lido o inteiro teor de sua entrevista.
Cabe, portanto, a pergunta: por que o governador incomoda tanto? Por que tantas mentiras contra ele?
Ao assumir o governo de Minas, em 2019, Zema encontrou um estado que mal conseguia pagar o salário de professores e demais funcionários. Anos de administração do PT haviam arruinado as contas públicas e ameaçado a oferta de serviços básicos à população mineira. O político do Novo conseguiu pôr os salários em dia, sanear estatais e atrair investimentos. A popularidade foi tamanha que Zema não apenas foi reeleito no primeiro turno, como o PT mal chegou a apresentar candidato próprio ao governo do estado.
A boa gestão, no entanto, incomoda. Um representante da nova política, vindo de um estado que em geral espelha o resultado de eleições nacionais, ameaça os viciados em poder, aqueles que se valem da destruição de reputações para eliminar adversários.
Pois não conseguirão. A cada novo ataque, Zema e o Novo se fortalecem. O brasileiro se solidariza com quem sofre injustiças por lutar contra o sistema.