Será que a língua é mesmo a mensageira do coração? Se o for, bah, precisamos ter muito mais cuidados com a postagem das nossas mensagens, postagens através da língua. A leitora sabe que me extenuo falando dos significados e da importância da fala, do que falamos ao longo da vida. Não é o coração que nos empurra do barranco, é a língua. O coração pode mandar a mensagem, mas se a língua disser não, a flecha eventual não será disparada. Antes de entrar no assunto que me traz a esta conversa, preciso relembrar, de passagem e mais uma vez, a sentença secular dita por Baltazar Gracián, um padre espanhol, jesuíta, 1601/1659. Esse padre sagaz escreveu várias vezes, alertando as pessoas como um sinal vermelho de trânsito: – “Fala, se queres que te conheça”! Na mosca, acertou em cheio. Esta semana, mais uma “fazendeira” foi detonada, saiu do programa A Fazenda, da Record. A moça, chamada de Cariúcha, obteve poucos votos para continuar no programa, votação popular. Entre as críticas que mais fizeram a ela estava a de falar mal das pessoas. Defendendo-se, após a saída do programa, a moça disse que – “Sou assim mesma, não tenho papas na língua, é o meu jeito”. Muita gente diz isso, mas é a velha história do semear e colher. Nossas palavras nos revelam, por mais que tentemos segurar a língua, as observações indevidas saem, ferem, acabam com negócios e relacionamentos. Valeu para a moça do programa na tevê, vale para nós todos os dias. Diante de uma real ou imaginada desfeita de alguém, nossa tendência é dar o troco, dar o troco com a língua. E a língua, se não tiver sido muito bem-educada, ela vai dizer o que não deve ou devia. Vai. Já fizemos muito disso, todos nós, e quantas vezes choramos pitangas mais tarde? É tarde, foi tarde. Bom, não vamos longe e para encaminhar esta conversa enjoada, leitora, não foi de graça que um dia um sábio disse – “Cala-te e ter-te-ão por sábio”! Não ter papas na língua é ou não ter tido educação no período de aprendizado, lá atrás na infância, ou não estar nem aí para as consequências. Todos os divórcios, todos os negócios, todas as nossas encrencas que faliram começaram nos pensamentos e passaram pela língua, nas palavras. O coração é ditador? E a língua é serva…
ANÚNCIO
Anúncios, publicidades bem-feitas dão resultados. Não anunciar é não vender, é obnubilação mental muitas vezes. Duas jovens, dessas que andam por aí nas tevês e redes sociais, fizeram uma “live commerce” sobre um hidratante labial, produto recém- lançado. A manchete, horas depois, foi esta: – “Larissa e Maísa fazem live e vendem R$ 40 milhões em hidratante em 20 minutos”. As farmácias venderam. É isso, quem não anuncia não vende, estoca…
DIFERENTES
Reportagem sobre o “ambiente digital”, a manchete era: – “População é a favor do cancelamento virtual”. Ah, vão achar o que fazer! Lá pelas tantas, no texto da reportagem, lia-se: – “Uma porcentagem enorme acha que não vale a pena conversar com quem pensa diferente”. Depende. Depende da educação da outra pessoa, se ela pensar diferente, mas for educada qual o problema? Vamos aprender juntos. E as nossas postagens, são educadas?
FALTA DIZER
Ah, antes que esqueça, falei de papas na língua? Cuidemo-nos. Não ter papas na língua é, mais das vezes, falta de recursos para bons argumentos, não, sem antes, ser falta de educação e de respeito. Abramos os olhos com essa história de que os outros são sempre os culpados…