Os heróis da miséria – Bruno Souza

Por: OCP News Jaraguá do Sul

08/12/2023 - 06:12 - Atualizada em: 14/12/2023 - 11:31

  1. Por Bruno Souza

Empreendedor, foi deputado estadual e vereador

contato@brunosouza.sc

 

Por anos, fui voluntário em uma ONG que atendia moradores de rua. Eram tempos de juventude e idealismo, quando avaliava as iniciativas pelas suas intenções. E como minhas intenções eram boas, isso era o que importava para mim.

Lembro-me de quando uma senhora começou a frequentar os almoços que oferecíamos aos domingos. Ela não era moradora de rua, mas durante algumas semanas, apareceu tentando desvendar um mistério: o paradeiro de seu filho. Dependente químico, ele havia saído de casa em busca da “liberdade das ruas”. Ela nunca o encontrou, e mais tarde soubemos que ele fora assassinado em uma briga com outro morador de rua.

Isso demoliu muitas das crenças que surgiram de minhas boas intenções juvenis. Percebi que muitos moradores de rua são capazes de violência extrema, grande parte se envolve em atividades criminosas, a maioria tem família, e quase 90% são dependentes químicos.

Entretanto, a esquerda e as ONGs, por “W.O.”, dominaram o debate sobre o tema, e as ideias vencedoras tornaram-se políticas públicas. Partindo de um diagnóstico errado, o resultado foi um crescimento exponencial no número de moradores de rua nos centros urbanos: somente entre 2019 e 2022, a população nas ruas aumentou 38%, alcançando quase 300 mil pessoas — e esse número provavelmente é maior.

O erro do diagnóstico a que me refiro é o clássico “coringa” da esquerda para explicar qualquer problema social: eles são vítimas da sociedade! Com esse discurso, “romantizaram” o morador de rua, transformando-o em vítima das maiores injustiças do nosso sistema. Como guerreiros que resistem às crueldades do mundo, transformaram o morador de rua em um “herói da miséria”.
No entanto, a realidade é bem diferente. Salvo raras exceções, quem está na rua é vítima de suas próprias escolhas erradas.

Um levantamento feito no Rio de Janeiro apontou que 86% dos moradores de rua são usuários de drogas. As principais causas que os levaram às ruas incluem a própria dependência e o rompimento dos laços familiares — eventualmente, a convivência com o dependente químico torna-se praticamente inviável.

A dependência química também ajuda a explicar por que o problema não é a miséria: conversando com diversos moradores de rua, descobri que eles conseguiam arrecadar de 150 a 200 reais em algumas horas pedindo dinheiro em semáforos. Isso, há dez anos! Que miséria é essa, se a maioria dos brasileiros não ganha isso? Literalmente, a renda média per capita da metade mais pobre da população brasileira é de R$ 537 mensais (IBGE, 2022).

Portanto, se você realmente quer ajudar alguém, encontrará facilmente pessoas em situação de miséria perto de você: muitos não têm o básico para alimentar seus filhos. A miséria não está no pedinte do semáforo, acredite! Se ainda assim você decidir dar uma esmola, estará ajudando esse indivíduo a comprar drogas e enriquecendo um traficante. Como não quero contribuir para a prosperidade de traficantes, não dou esmolas.

Os anos passaram. Hoje, julgo as iniciativas pelos resultados e busco entender as causas verdadeira dos problemas — não apenas as mais convenientes. Por isso, é urgente nos livrarmos do discurso “politicamente correto” e enfrentarmos a realidade: nossos espaços públicos foram ocupados por indivíduos que, na maioria das vezes, perderam o controle de suas vidas para o vício. O diagnóstico errado nos conduziu ao pior dos cenários: nossas cidades se tornaram mais inseguras, e testemunhamos dependentes químicos morrendo lentamente sob as marquises dos nossos edifícios. Não existem “heróis da miséria”, existe apenas a miséria do vício.

 

Notícias no celular

Whatsapp

OCP News Jaraguá do Sul

Publicação da Rede OCP de Comunicação