Os frouxos e os vencedores – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

08/08/2024 - 07:08

Dois fatos. Ao meio desses fatos, a minha ira, a minha fúria. Enquanto formos sociais, tudo o que envolve a sociedade nos envolve de igual modo, o mais rico dos ricos precisa de ajudas, de companheirismo, de exemplos, de tudo. O cabotino pode ser rico de dinheiro, no mais é “pobre” como todos nós… Cada um vive a sua pobreza do seu jeito. Vamos lá, vamos aos dois fatos. O primeiro dos fatos vem de um anúncio num portal de notícias, diz assim: – “Sensitiva ensina simpatia milagrosa para atrair emprego dos sonhos”. Simpatia para arrumar trabalho? O molengão não sabe que a simpatia é gostar de um trabalho, qualificar-se para ele e suar, suar, suar até conseguir? Não sabe disso ainda? Os frouxos usam de desculpas, vêem-se discriminados, vítimas de preconceitos, dizem-se pobres, pouco estudo, inventam de tudo para ficar no ócio. Saiam prá lá, xiti! O outro fato, esse sim, de fazer corar a cara dos fracotes da vida. Imagens de uma jovem brasileira, guria, que vai disputar os jogos Paraolímpicos. A jovem não tem os braços e vai disputar os jogos de arco e flecha. Ela estica o arco com os pés, segura a flecha com a boca, aponta e manda ver… Na mosca, acertou na mosca. Que coisa linda, que mulher, que jovem adorada. Ela um dia deu-se conta de que estava por metade, por metade no corpo, mas absolutamente inteira no caráter, na determinação, na prova deque Marcos 9, 23 tinha toda razão: – “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”! De um lado os biscateiros da vida, chorando pitangas sem se olhar no espelho, sem querer admitir que estão “inteiros” para tudo na vida… Ah, desculpe, esqueci, não estão inteiros, não. São mentirosos, desculpistas, inventores de histórias da carochinha… E aí, vão em busca de “simpatias” para obter o emprego do sonhos, que imagino deve ser de um salário nas alturas… Vão ver o que é bom, esperem… E de outro lado, uma jovem mulher disputando jogos Paraolímpicos, sembraços. Bom, não vamos longe, nos jogos Paraolímpicos há corredores de 100 metros rasos cegos. Os caras voam na pista sem ver, sem enxergar. E aqui do lado de fora, os piores cegos da vida: os que não se querem ver…

REALIDADE

Os atletas olímpicos, maioria absoluta, sabem o que são esforços na vida. Nascem e crescem na pobreza, suando atrás de uma realização sem qualquer incentivo “oficial” ou um “patrocínio comercial” que os ajudem, todavia… Depois das vitórias, das medalhas, da consagração, ah, chovem aplausos e assédios comerciais para publicidade. A gentalha da democracia capitalista é assim, colhe só depois da boa semeadura dos pobres…

TREINOS

Quem quiser ser alguma coisa na vida tem que treinar, treinar e nunca achar que está bom. Ouvi isso de um treinador de atletismo, brasileiro. Brasileiros têm o vezo de dizer “ta bom” diante de um resultado que está muito longe da excelência. E sem excelência, seja no que for, seremos sempre apenas mais um. Os obstinados sabem que um tapinha nas costas junto com a frase “tá bom” é típico dos acomodados e dos derrotados. Tá bom coisa nenhuma, vamos ao máximo!

FALTA DIZER

Os pais têm que educar os filhos a parar de buscar o título olímpico de subir e descer o dedo na tela do celular. Bobões. Manchete: – “Celular já é proibido em quase 30% das escolas brasileiras”, diz o site UOL. Só 30%? Tem que ser proibição total aos “anjinhos inocentes”…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.