O “silêncio obsequioso” que cala o outro lado

Imagem: PENSADOR

Por: Emílio Da Silva Neto

22/07/2024 - 13:07 - Atualizada em: 23/07/2024 - 15:20

A primeira vez que escutei o tal de “silêncio obsequioso” foi em 1985, quando o vaticano, sob julgamento coordenado pelo Cardeal, (depois Papa e Papa Benemérito) Joseph Ratzinger, impôs esta pena ao Frei Leonardo Boff, principal pensador da Teologia da Libertação, devido ao seu livro “Igreja: Carisma e Poder”, lançado em 1982, durante o Papado de João Paulo II.

Leonardo Boff cumpriu sua pena até 1992, quando largou a batina e voltou a pôr a “boca no trombone”.

Etimologicamente, a palavra “obsequioso”, já citada na bíblia, significa algo que obsequia, isto é, algum comportamento revestido de muito respeito e atenção às regras em vigência.

Independentemente do respeito e atenção ao entorno, o “silêncio obsequioso”, muitas vezes, possui uma eloquência que transcende as palavras. É um fenômeno paradoxal, onde a ausência da manifestação (oral, escrita ou comportamental) pode carregar um peso e uma profundidade imensuráveis. Ou seja, ele não é apenas a mera falta de “ruído”, mas sim, uma escolha consciente de não falar, de não interferir, de permitir que o vazio seja preenchido não pelo barulho, mas pela reflexão e pela contemplação.

Quando alguém adota o “silêncio obsequioso”, está escolhendo não apenas observar, mas também respeitar o espaço e as vozes dos outros, como forma de deferência, maneira de conceder a outros o direito de falar sem interrupções, sem julgamentos precipitados, sem a urgência de ser ouvido a todo custo. É, portanto, um ato de humildade e sabedoria, pois reconhece que nem sempre é necessário adicionar mais palavras ao já denso tecido da comunicação humana.

No entanto, o poder do “silêncio obsequioso” vai além do simples ato de ouvir. Ele pode ser um instrumento de resistência pacífica, uma forma de protesto não violento contra a injustiça ou a opressão. Em meio ao tumulto das discussões acaloradas e das opiniões estridentes, o silêncio pode ser a voz que clama por paz, por entendimento, por um momento de reflexão coletiva que transcende as diferenças e abre espaço para a compreensão mútua.

Por outro lado, o “silêncio obsequioso” também pode ser uma armadilha, um véu que encobre verdades incômodas ou perpetua injustiças através da inação. Há momentos em que o silêncio não é uma escolha sábia, mas sim um ato de covardia ou conivência com o status quo injusto. Nesses casos, o silêncio pode ser ensurdecedor, revelando a falta de coragem moral para enfrentar o que é difícil ou inconveniente.

É importante, portanto, discernir entre o silêncio que é uma escolha consciente e o silêncio que é imposto pelo medo ou pela indiferença. O “silêncio obsequioso” que cala o outro lado pode ser um sinal de respeito mútuo e de busca por entendimento, mas também pode ser uma barreira que impede a verdadeira comunicação e a mudança positiva.

Enfim, o silêncio obsequioso não é apenas a ausência de som, mas sim uma escolha consciente que pode revelar tanto sobre quem escolhe silenciar quanto sobre aqueles que são silenciados. É um fenômeno complexo e multifacetado que nos desafia a compreender melhor não apenas as palavras que são ditas, mas também o significado profundo do que é deixado para ser interpretado no espaço entre elas.

Por fim, permito-me uma confidência: escrevi este texto inspirado em mim (pois todo escritor exala “gotas de intimidade” em seus textos) e em muitas pessoas que passam momentos especiais, no âmbito pessoal, conjugal, profissional ou social, que exigem reações, principalmente, respostas inspiradas no “silêncio obsequioso”, ou seja, muito prudentes, pois em “boca fechada não entra mosca” …

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Emílio Da Silva Neto
PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Ex-Diretor Superintendente WEG

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Emílio Da Silva Neto

Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar. Redes sociais: emiliodsneto | www.consultoria3s.com