Por:
Juliana Nardelli
Juliana Nardelli
Você provavelmente já viu — e se ainda não viu, basta abrir o Instagram ou o TikTok. O morango envolto por uma camada crocante de caramelo brilhoso virou a nova obsessão nas redes sociais. Batizado de “morango do amor” por analogia com a tradicional maçã caramelada das festas juninas, ele é hoje protagonista de vídeos que somam milhões de visualizações, tutoriais, variações gourmet e, claro, filas em confeitarias e feiras gastronômicas.
É verdade: a trend movimentou o mercado da confeitaria. Confeiteiros profissionais e amadores passaram a oferecer sua versão da iguaria, com morangos gigantes, recheios de brigadeiro, banhos duplos de chocolate e uma estética pensada para “viralizar”. É bonito, fotogênico e gostoso. Mas… até que ponto a tendência impulsiona criatividade ou apenas reforça a repetição?
Todo mundo vendendo a mesma coisa?
Essa pergunta me instigou. Será que estamos criando ou apenas copiando?
Claro que as redes sociais têm um papel importante na difusão de ideias. Mas a velocidade com que uma receita se torna “modinha” e, de repente, está em absolutamente todos os lugares, nos convida a uma reflexão: por que todo mundo repete a mesma receita?
Poderíamos considerar algumas hipóteses:
1.Segurança comercial: ao ver algo dando certo, muitos empreendedores preferem não arriscar. É mais seguro oferecer o que está na moda do que apostar em algo novo e incerto.
2.Pressão por relevância: em tempos de algoritmos, estar “na trend” pode significar mais curtidas, mais visualizações, mais vendas. E quem trabalha com gastronomia sabe o quanto o digital influencia o consumo real.
3.Falta de tempo para criar: a rotina pesada de quem vive da cozinha muitas vezes impede experimentações. Repetir o que já está validado é mais rápido e eficiente.
4.Receita como tela em branco: talvez o morango do amor seja só um ponto de partida. Como uma tela branca, ele permite que cada confeiteiro adicione sua assinatura – seja no recheio, na decoração ou na apresentação. Nesse caso, não é repetição, é reinvenção.
Tendência ou modismo?
A diferença entre tendência e modismo está no impacto duradouro que algo causa. O morango do amor pode até passar, mas a reflexão que ele levanta permanece: estamos realmente criando experiências únicas para os nossos clientes? Ou só seguindo uma receita pronta de sucesso?
Na gastronomia, como na arte, a originalidade é um tempero essencial. Repetir por repetir pode até dar certo por um tempo, mas emocionar — isso exige alma.
Então, na próxima vez que você pensar em aderir a uma tendência, pergunte-se: o que posso fazer com ela que seja só meu?