O plantão do pronto-socorro

Por: OCP News Jaraguá do Sul

07/04/2016 - 04:04

Sete e meia da manhã e o pronto-socorro está lotado. Da porta de entrada, passando pela recepção, sala de espera, corredores e leitos, não há uma vaga sequer. Homens e mulheres ansiosos buscam notícias de familiares e amigos no balcão de informações, enquanto os recepcionistas se desdobram entre os telefones e o atendimento.

Cadeiras enfileiradas estão ocupadas pelos que esperam atendimento com as mais diversas queixas. A mãe do menino recém-nascido embala o neném que chora sem parar na tentativa de confortá-lo, enquanto o funcionário da indústria se queixa de dores no peito e tonturas. O adolescente chegou de mãos dadas com a namorada, mancando de uma das pernas, enquanto a dona de casa espirrava sem parar, assustando os que estavam próximos. E se for a temível gripe A?

Alguns mostram ansiedade no olhar, outros expressam a impaciência andando de um lado para o outro. Há os que ficam olhando para o chão, resignados. E também os que não param de reclamar da demora e da falta de informações dos que foram chamados pelos médicos. Duas, três horas lá dentro do PS e ninguém sabe como os pacientes estão. Será que estão sendo bem atendidos? Será que estão reagindo bem aos medicamentos?

Correm risco de morte?

A correria dos médicos, enfermeiros e pessoal de apoio é incessante. Aos seguranças cabe a tarefa de impedir o acesso de pessoas não autorizadas na área interna do PS.

Os acidentados têm a preferência no atendimento. Gestantes com contrações e em trabalho de parto também são conduzidas às pressas pelas ambulâncias. Os idosos chegam fragilizados, segurando bengalas, acompanhados por algum membro da família.

Em um mesmo espaço, existe tanto a alegria pelo alívio da cura e da solução para a enfermidade, quanto a tristeza por uma situação grave, ou mesmo a morte de quem não resistiu à gravidade de ferimentos, ou de uma doença. Sorrisos e lágrimas fazem parte da rotina do hospital.

Enquanto Elza espera por uma brecha para falar com um especialista da UTI, se mantém sentada no gelado corredor de acesso. Logo vai acontecer a troca de turno, e pouco a pouco o pessoal do jaleco sai apressado para dar lugar aos que chegam.

– A noite foi longa!, comenta um deles a outro colega, enquanto espera o elevador, que parece não chegar nunca. Três estudantes de Medicina iniciam uma animada conversa sobre as dificuldades do plantão, sem se importar com a presença de Elza, nem com o cartaz afixado na parede, que lembrava: “Silêncio!”. O elevador chega e finalmente o barulho do corredor cessa, abruptamente. A jornada finalmente tinha chegado ao fim para aqueles profissionais vestidos de branco, ansiosos por umas boas horas de sono.