O futuro assusta

Por: Luiz Carlos Prates

04/02/2016 - 06:02 - Atualizada em: 04/02/2016 - 10:10

Somos de uma formidável impotência diante da vida. Ninguém sabe do dia de amanhã. E esta verdade nos liquida. Não há “autoridade” sobre a Terra que saiba sequer sobre o próximo minuto do relógio… O nosso castigo existencial é exatamente este, o de vivermos no escuro diante do amanhã. Ninguém quer perder o que conquistou, mas sabe que outros, poderosos, tiveram o mesmo bem e o perderam. Várias, incontáveis hipóteses nos podem levar ao chão, e isso assusta.

Vem daí muito da agressividade humana, daí também resultam os abatimentos do ânimo, as depressões que se fragmentam em pequenas angústias, sobressaltos de todo tipo, apertos no coração, e olhos arregalados para os horizontes do futuro. Nada de novo, pois não? Claro que não, quem não sabe disso?

Pois é, sabemos mas vivemos tentando achar um jeito de domar os sobressaltos por meio da fé, de uma fé que nos leva a admitir algumas certezas sobre nossas possibilidades humanas. Mas é tudo tão pequeno diante do avassalador perigo do futuro que, não tendo saída, criamos saída mágica. Será mesmo? Sim, os jogos divinatórios – cartas, tarôs, búzios, astrologia – fazem isso, nos dão rumos do que vai acontecer nas próximas horas…

Agora, por exemplo, acabo de ler numa dessas revistas populares (vais citá-la de novo, Prates? Não, não vou) a declaração de uma “vidente”. Ela disse que:

“Todos querem se ver livres das angústias do futuro”. É o que acabo de dizer. Não há quem escape, e não é por outra razão que os pensadores antigos, budistas entre eles, pregavam e pregam que vivamos o “aqui e agora”, única chance de fingir que não há futuro a nos assustar. E quem consegue viver no “apenas hoje”, no um dia de cada vez?

Bem disse um dia um bêbado: bebo para não pensar, pensar me dá dor de cabeça, dói o corpo. Coitado. Era humano.

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.