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O frio para o jaraguaense raiz

Por: Editorial

31/05/2025 - 06:05

 

Quando o termômetro despenca em Jaraguá do Sul, não é apenas o frio que chega, mas, todo um ‘script’ cultural que se ativa. A cidade, conhecida por sua mistura de influências fundamentalmente alemãs, italianas e húngaras, transforma-se em um palco de hábitos tão peculiares quanto previsíveis. E, convenhamos, é essa combinação de tradição e exagero que torna o inverno jaraguaense tão único e, porque não, tão memeável.

O jaraguaense raiz não espera o frio bater à porta para entrar em ação. Ele já está de meia com chinelo, mesmo que o estilo seja questionável, porque o conforto térmico é uma religião. O importante é não deixar o “frrio urréia” ganhar. Afinal, como diria a oma: “Mein Gott, so kalt”. Ou a nona: “Mio Dio, che freddo”. Ou ainda a nagymama: “Istenem, milyen hideg”.

E não há inverno sem aquela cena clássica: o cidadão mimetizado de galdério, abraçado ao chimarrão, enrolado num cobertor que mais parece um pala surrado, como se estivesse no pampa gaúcho – mesmo que o único gaúcho da família seja um tio-avô de São Joaquim. A bebida, é claro, acompanhada de pinhão e um fondue que vira refeição diária. “É só uma vez no ano”, repete-se, enquanto a panela de queijo derretido vira extensão do corpo.

E como ignorar a tradição das tangerinas e da peregrinação ao Morro das Antenas ou Pico Malwee, para ver o sol nascer! São rituais que, para o outsider, podem parecer absurdos, mas que aqui fazem todo o sentido. Claro, não podemos esquecer o drama coletivo. Reclama-se do frio, mas posta-se foto com filtro “mood alpino”.

Abandona-se a academia com a promessa de voltar na segunda-feira, mas, no fundo, todos sabem: a esteira só será pisada novamente quando o verão já estiver dando as caras. E, é claro, todo ano há a esperança – sempre frustrada – de neve em Corupá.

No fim, o frio jaraguaense é isso: uma mistura de nostalgia, improviso e muito, muito moletom desbotado. É quando a cidade mostra sua cara mais acolhedora – e mais engraçada. Porque, no fundo, o que importa não é o frio, mas sim quantas histórias (e memes) ele vai render ao redor do fogão.

 

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