O dia em que quase fui preso ao cobrir uma ação policial

Por: William Fritzke

29/04/2017 - 13:04 - Atualizada em: 29/04/2017 - 13:34

Quem acompanha meu trabalho sabe que tenho um grande apreço pela polícia, seja ela Militar, Civil ou qual for. Sinto isso pois sempre quis ser policial e quem sabe ainda serei. Justamente por isso, diferentemente de muitas pessoas, costumo ouvir e entender o lado da polícia. Uma das coisas que percebo é que, normalmente, a ação de um ou dois policiais serve para condenar a corporação inteira e não é assim que funciona.

Digo isso porque no início dessa semana, após quase oito anos trabalhando na imprensa, passei por um problema com um policial militar de Joinville. Eu estava numa ocorrência onde a polícia matou suspeitos de assaltarem uma família em Guaramirim, durante uma perseguição na Rodovia do Arroz. Eu e o repórter cinematográfico estávamos fora da área de isolamento fazendo nosso trabalho. Em determinado momento, observei no chão dois restos de munição de fuzil utilizados no tiroteio. Ambos já estavam completamente amassados, pois caminhões haviam passado por cima, os tirando do local da cena. Resumindo, eram dois pedaços de lata amassada.

Na maior boa vontade, juntei os pedaços de lata e fui entregar ao cabo da PM de Joinville. Como agradecimento recebi gritos e uma ameaça de ser preso por “alterar cena de crime”! Oras, não houve dolo, não houve intenção e muito menos alterou o curso das investigações. Posso legalmente ter errado, ok, mas fui tratado com gritos e com um despreparo momentâneo bastante acentuado.

Poderia ter filmado, poderia ter postado nas redes sociais, poderia ter feito um escândalo na mídia, mas o que fiz foi comunicar seu superior e pedir para que ele tivesse mais calma. Ele errou, foi deselegante, teve excesso, mas entendi que um policial tinha acabado de ser atingido de raspão na ação, e que ele estava no calor da emoção. Apesar de nada justificar grosseria, entendi que estava numa situação de estresse.

Hoje, trago este exemplo aqui para dizer que policiais são humanos e podem errar porque trabalham sob pressão. Muitas vezes, a melhor coisa é, mesmo que observando o erro, se colocar no lugar, tentar pelo menos compreender e depois resolver da melhor forma possível. Tenho certeza de que o nobre passará por dias melhores, me tratará melhor numa próxima e ainda fará muito pela sociedade. Assim espero, porque não é nada agradável quase ser preso por dois pedaços de lata amassada…

Notícias no celular

Whatsapp

William Fritzke

Repórter especialista em segurança e apresentador do programa Plantão Policial.