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O dia em que a turma da terceira idade me intimou, e intimidou

Por: OCP News Jaraguá do Sul

04/06/2017 - 14:06 - Atualizada em: 04/06/2017 - 14:51

Certamente, você já assistiu a alguns desses filmes onde a cena se passa num refeitório, geralmente, de prisão. Daqueles onde um novato senta com sua bandeja e, de repente, ouve uma voz dizendo: “Esse lugar é meu!”. Sempre é o mais franzino sentando no lugar do mais apavorante bandido da área. Vira perseguição, o novato se torna escravinho do bandidão. É um clichê dos filmes de prisão americanos, onde assistimos e falamos: “Ah, não força a barra, sempre a mesma coisa”.
Sabemos que as prisões brasileiras são bem mais barra pesada que isso, porém, de qualquer forma é um alívio pensar que estamos livres dessa intimidação. Bem, ao menos eu penso isso quando me coloco no lugar de um desses personagens. Principalmente quando o ator é o Adam Sandler, o Rob Schneider, ou o Willl Arnett. Se for um do Stallone (Tango e Cash) aí já é outro papo. Daí é legal ser o novato do pedaço.
Enfim, pacato cidadão que sou, sempre me vi imune a tal ameaça. Ledo engano, meus amigos, ledo engano. Dia desses resolvemos bater um churrasquinho de igreja na Rainha da Paz. Chegamos um pouco mais tarde, a maioria das pessoas já tinha saído, o salão estava calmo. Peguei meu filezão caprichado, pão e maionese, nos abancamos e mandamos ver. Quando eu estava atracado no osso do meu filé, tipo cachorro banguela, sinto uma delicada mão tocar-me o ombro. Olhei para trás e avistei uma senhorinha.
– Esse lugar é meu.
– Desculpe. Como assim?
– Eu quero jogar bingo aí.
– Tudo bem, já estou acabando.
– Te apressa. Quero arrumar as minhas cartelas.
– A senhora não quer a mesa ali do lado?
– Não. É essa que eu quero.
– Tudo bem. Só estou acabando o almoço.
– Devia ter vindo mais cedo.
(A esposa, que só assistia, interferiu)…
– Só um minutinho, dona.
– Tem que apurar. E a minha amiga vai sentar aí no seu lugar.
Parece brincadeira, porém, mal ela havia acabado de proferir estas palavras, duas outras velhinhas se achegaram.
– Eles ainda não saíram da mesa?
Acabamos encurtando nosso almoço, afinal, somos todos educados e cedemos o lugar para a turma da terceira. O pior que acabei nem comendo strudel. Tava muito cheiroso. Enfim, recolhemos nossas coisas, nos despedimos e fomos levantando. Mas, ainda não tinha acabado. A velhinha disse:
– Espera um pouquinho. Me ajuda a colar minhas cartelas na mesa, por que me atrasei por causa de vocês.
E lá estava eu, colando cartelas de bingo para a senhora, olhando fixamente nos olhos dela, para não esquecer sua fisionomia. Não quero correr o risco de estar numa missa e sentar ao lado dela. Vai que ela me faz dar dois pila a mais na hora do ofertório.
Mas, eu também não sou bonzinho, não. Roguei-lhe uma bela praga, para que não ganhasse nem mesmo uma caixinha de leite. Mexe com quem tá quieto.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação