No reino das mulheres

Por: OCP News Jaraguá do Sul

04/03/2016 - 06:03

CHARLES ZIMMERMANN (1)

Numa região que varia de 1.500 a 2.000 metros acima do nível do mar, repleta de florestas com pinus, de amplas áreas com campos com grama, com plantações de chá, no nordeste da Índia, na fronteira com Bangladesh, há uma região que se chama Meghalaya, com uma ordem social não convencional. Em Meghalaya vive o povo Khasi. Eles seguem tradições matriarcais, onde os vilarejos são incrivelmente limpos, calmos e pacatos, muito diferente do que é a Índia. Lá, o dinheiro, a propriedade e o poder passam de mãe para a filha. E as mulheres, literalmente, governam a região.

A cultura que encontrei foi uma cultura na qual as filhas caçulas (chamadas khadduh) herdam riquezas e propriedades, os maridos mudam-se para a casa de suas esposas e as crianças carregam o sobrenome materno.

CHARLES ZIMMERMANN (3)

As meninas vão à escola local até a adolescência, apesar de algumas se mudarem para a capital do Estado aos 11 ou 12 anos para aprofundar estudos. Depois, elas ingressam na faculdade ou voltam a Meghalaya para cuidar de seus pais. Elas podem casar com quem quiser, divociar-se ou permanecer solteiras. Tudo muito diferente do que é estabelecido pela sociedade indiana, onde a figura do homem prevalece em todos os sentidos. Não gerar filhas, porém, costuma gerar desespero – apenas elas estão aptas a garantir a continuidade. Logo, as famílias sem filhas são chamadas de “iap-duh”, ou “extintas”, de acordo com uma antropóloga alemã que estuda o povo Khasi.

Tais costumes, ela diz, existem “desde tempos imemoriais”. Eles podem remontar à época em que os Khasis tinham múltiplos parceiros, o que dificultava a precisão da paternidade. Ou ao tempo em que ancestrais do sexo masculino, afastados por estarem lutando em guerras, não podiam cuidar de seus clãs ou de suas famílias.

Me impressionei com o respeito que os homens khasis têm pelas mulheres. Nos mercados públicos, são eles que fazem o trabalho de carregadores dos vegetais e frutas que elas vendem e negociam. No quintal das casas são eles que estão carpindo. Ao redor das crianças, são os homens que ficam, enquanto as mulheres estão fora de casa reunidas para um chá da tarde ou nos negócios da família, – ligados à agricultura de subsistência, basicamente.