No país das conchas invertidas – por Walter Janssen Neto

Presidente da Rede OCP News, Walter Janssen Neto.

Por: Editorial

18/03/2023 - 06:03 - Atualizada em: 18/03/2023 - 10:27

O Brasil é detentor do segundo Congresso mais caro do mundo. Status que nada nos orgulha. Alguns até poderão argumentar que esta incômoda colocação, se deve ao tamanho físico de nosso país. Uma justificativa que não se sustenta, já que há países maiores com custo da máquina pública menor e estrutura mais eficiente.

Vale destacar, outrossim, que o Congresso mais custoso do mundo é o americano. Então, alguns também poderiam argumentar: “se aquele país pode, porque o nosso não poderia?”

O contra argumento é muito simples. Eles são a nação mais poderosa e desenvolvida do mundo, além de serem uma das democracias mais consolidadas. Nós somos o segundo colocado, estando bem longe de nação poderosa e desenvolvida, com um PIB 14 vezes menor que o deles e 120 milhões de cidadãos a menos.

E se não bastasse, falta muito para nossa democracia ser uma referência. Esta crítica não é contra minha nação, mas, contra esse sistema antirrepublicano e injusto no que se refere as desigualdades entre as esferas privada e pública.

De um lado salários estagnados, desemprego, inflação, tributos corrosivos, entre outras limitações; e de outro lado, estabilidade de emprego, voracidade tributária e bilionárias benesses dos congressistas, quais sejam: “Cotão”, que nada mais é do que uma cota para exercício da atividade parlamentar; verba de gabinete; auxílio-moradia; previdência social especial; plano de saúde; foro privilegiado; entre outras patéticas benesses, como o AUXÍLIO MUDANÇA, que ilustra bem a ‘farra’ que quero me reportar, ou seja, o parlamentar, ao se eleger, tem direito ao auxílio mudança para se deslocar a Brasília, mesmo que não leve mudança, por já dispor de apartamento funcional.

Nesse caso, o entendimento é que ele próprio se configura como a mudança. Ao encerrar o mandato, ele recebe o respectivo auxílio para voltar. Caso seja reeleito, receberá o auxílio novamente. Não acabou: no caso de parlamentares cônjuges, ambos, individualmente, tem direito ao auxílio. Agora, o golpe de misericórdia: todas essas benesses são isentas de impostos.

Ironicamente, uma ‘injustiça legalizada’ que nos demonstra o seguinte paradoxo: se o bem em política é a justiça como utilidade geral, então isso é tudo o que não há no Brasil. O bem da atual política é de utilidade estritamente política, e não geral. Vergonhoso e revoltante.

Walter Janssen Netopresidente da Rede OCP de Comunicação

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