Ser pioneira em fotojornalismo no início do século passado na terra do sol nascente, se mantendo em atividade aos 102 anos de idade? Não se espante, porque não se trata de uma “pegadinha”. Essa mulher singular existe e se chama Tsuneko Sasamoto, considerada a primeira fotojornalista do Japão. Muito antes da modernização que transformou o país asiático em uma das maiores potências mundiais, Tsuneko venceu as barreiras de gênero e começou a trabalhar, aos 25 anos, rompendo tabus sociais.
A surpreendente história dessa fotógrafa japonesa que nunca se deixou intimidar foi retratada esse mês pela publicação virtual “Japão em Foco”, que reproduziu trechos da entrevista de Tsuneko ao Artscape Japan.
A desbravadora fotojornalista nasceu em 1o de setembro de 1914 e por sete décadas testemunhou as vertiginosas mudanças de seu país, pré e pós-guerra, por meio de suas lentes. Sem dúvida, uma trajetória admirável e que deve servir de inspiração para mulheres de todas as gerações.
“Até depois da Segunda Guerra Mundial, as mulheres japonesas encararam discriminação e não tinham poder. Elas não tinham o direto de votar, e eram tratadas como crianças. Mas, ainda assim, havia mulheres que tinham empregos e estavam criando famílias. Eu tenho tanto respeito por elas e retratá-las se tornou uma obsessão”, declarou Sasamoto, que confessou ter sido impulsionada a exercer o oficio ao conhecer o trabalho da fotógrafa Margaret Bourke White.
Ainda hoje, essa senhorinha simpática e tenaz publica livros e realiza exposições. O segredo para alcançar a longevidade se mantendo ativa? “É essencial permanecer positivo sobre sua vida e nunca desistir”, garante ela.
Por apresentar essa caminhada notável, recentemente ela foi agraciada com o prêmio Lucie Awards, em Nova York. A homenagem foi conferida por suas fotos com mulheres independentes que sobreviveram às intempéries da existência. Na ocasião, declarou que gostaria de continuar atuando como fotógrafa…
A vida de Tsuneko Sasamoto prova mais uma vez de que se manter em atividade, renovando metas e mantendo uma atitude confiante, faz toda a diferença para a saúde física e mental, independentemente da idade. E que é preciso respeitar e valorizar as ações e o legado deixado pela maturidade. Bela lição para nós, ocidentais.