Nunca gostei de ver ou de ouvir alguém mostrando ou falando de ratoeiras. Ratoeira, aquele artifício metálico que pega os ratinhos desavisados pelo pescoço e os leva à morte aos poucos. Uma danação para os ratinhos. Mas de um modo simbólico existe a “ratoeira” humana, a que também nos pega pela goela e nos sufoca, não nos mata, não na hora, mas nos tira os melhores embalos da vida. Falo do passado, uma danação venenosa da mente humana. Os jovens estão longe dessa “ratoeira”, os jovens vivem o presente e o futuro, já os mais velhos, depois de certo tempo de vida, costumam se debruçar nessa janela do pior dos inúteis da vida: as vivências passadas, as que não podem voltar, apenas ensinar. Sim, ensinar, não deve ser outra a razão do passado em nossas cabeças. Se o passado não nos ensinar, babaus, estaremos à beira de um barranco perigoso, o de recalcitrar, fazer de novo, chorar e dar-se para os diabos. Se o passado não for, não tiver sido, o nosso melhor professor na vida vamos passar pela vida repetindo erros e insânias. A droga, e nesse caso é droga mesmo, a droga é que ou nos voltamos para o passado para sentir saudades, querer retorno ao impossível, ou para sentir pesares, arrependimentos. Nada disso nos ajuda se não como lições. Não fiz o que tinha que ter feito? Agora não adianta chorar, é aprender a lição e não repeti-la. O momento atual é ruim? E do que me vai adiantar lembrar e chorar pelos meus inesquecíveis e grandes momentos? O inferno existe sim, sempre existiu e vai continuar existindo, ele está em nossa cabeça e principalmente por essa aliança com o passado. Impossível trazê-lo de volta, impossível corrigi-lo… Então, só restam as lições, as erradas. O mais é correr atrás do vento. Se o momento atual está ruim, a solução não virá do passado, senão, insisto, como lição, aprendizado. O que temos é o aqui e agora, um aqui e agora que se bem vivido irá, aos poucos, nos trazendo o sonhado futuro melhor. Passar o dia inteiro mascando a urtiga do que foi vivido e perdido é a condenação ao inferno, e esse existe. Mas depende de nós. Chega, basta de falar comigo mesmo…
REGRAS
Foi em Porto Alegre. Um flagelado das enchentes no RS armou uma barraca numa calçada e lá estava quando foi entrevistado por uma repórter de tevê. O cara estava numa pior. Perguntado por que ele não ia para um abrigo, com cama, comida, assistência médica, tudo, o sujeito respondeu que não ia porque nos abrigos tem muitas “regras”. O ordinário não quer saber de regras. Revelou-se. Toma. Merece.
MULHERES
Passando os olhos sobre o Dicionário Machista, da escritora catarinense Salma Ferraz, parei estarrecido nestes trechos: – “A mulher que se recusa a realizar qualquer trabalho que é obrigada a fazer, pode ser forçada a fazê-lo, inclusive açoitada com uma vara”. Quem disse isso foi um tal de Maiomônides (1138/1204) no livro Mishnê Torá. Já o “celebrado” Nietzsche, filósofo alemão (1844/190) no Assim Falou Zaratrusta, disse – “Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite”. Ah, “conversar” com esses caras…
FALTA DIZER
Já falei disso aqui e nos meus comentários de rádio por toda Santa Catarina, mas… Tenho que falar de novo. Voluntários nas enchentes no RS contando de doações que são feitas. Desde algemas de sex-shop a lixos de todo tipo. A gentalha se revela nos detalhes. Mas não vão escapar da lei da atração, ah, não vão…