Estava saindo de casa para ir ao centro. Centro é uma palavra antiga, vem do tempo em que todo o comércio e negócios eram feitos por lá. O “centro” está em extinção, pelo menos nas cidades maiores. Como disse, estava indo para o centro. Duas vizinhas saiam de casa ao mesmo tempo, cruzei com elas e dei-lhes uma carona. Enquanto íamos para o “centro”, passamos por uma pracinha onde algumas crianças e cachorros estavam brincando. Uma das amigas, vendo as crianças brincando, fez uma frase que me trouxe a esta conversa, leitora, leitor. Ela viu as crianças e suspirou: – “Ah, que tempo maravilhoso, ser criança é tudo, ah, se eu pudesse voltar a ser criança”! Mais ou menos isso. Ouvi a frase e iniciei uma pequena troca de ideias sobre essa visão que muitos têm de que ser criança é ser feliz. Inocente engano. As crianças não são livres, são deixadas livres por algum tempo, mas elas vivem sob o cabresto dos pais, dos mais velhos que delas cuidam ou educam. A criança não tem liberdade para fazer o que bem entende nem obter o que deseja. Ela tem que dormir na hora em que for mandada, tem que tomar banho ou comer de acordo com a rotina familiar, e tudo o mais que sabemos. Sabemos mas fingimos não saber. Duvido que qualquer pessoa possa dizer que tinha consciência da infância quando era infante, duvido. A criança vive uma danação, sem liberdade, é um bichinho numa gaiola especial, mas faz sentido, a criança não tem juízo pronto para ver, avaliar e decidir por isto ou aquilo para ser feliz. A ideia de felicidade não existe na cabeça de uma criança. Essa ideia vai chegando com o tempo. E aí é que o bicho da vida nos pega. Crescemos, passamos a ter liberdade sobre o nosso nariz, mas… Tropeçamos nas escolhas, não valorizamos o que temos e desejamos o que não temos. Livres, jogamos fora a liberdade para ser feliz, continuamos “crianças” presas de nossas escolhas e pensamentos limitantes. Nossa vida emocional não passa de um grande equívoco. Esquecemos que hoje podemos ser “crianças” felizes, mas optamos por escolhas erradas e a viver como “velhos” rabugentos…
ENSINO
Sempre concordamos com quem pensa igual a nós, pois não? Concordei epidermicamente com uma psicanalista falando num jornal de São Paulo. Ela disse que – “Quanto mais um professor se qualifica para preparar a criança para um mundo que perde sua capacidade reflexiva e crítica, mais esse professor se vê boicotado pela família dessa mesma criança”. Corretíssimo. Famílias metidas a sebo, isso sim, pais vagabundos que pensam que porque “pagam” a escola podem mandar nos professores. Safados, “sonsos”…
LEI
Já foi dito que de boas intenções o inferno está cheio. Incontestável. Agora acaba de ser sancionado como crime o bullying, bullying de todo tipo. Ótimo. Ótimo se houver mudança no comportamento dos “bulimistas”. Nas escolas, esses abusadores costumam ter pais omissos na educação ou prepotentes do saldo bancário. Mas que os professores batam o pé, alunos canalhas, tenham a idade que tiver, ferro neles. Ferro incondicional, ouviram, “papaizinhos” de cio?
FALTA DIZER
Evaristo Costa, apresentador de televisão, está tratando em Londres de uma doença inflamatória dos intestinos, a doença de Crohn. Doença sem cura, mas que pode ser levada… Evaristo foi mal diagnosticado num certo momento e relaxou no tratamento. Recomendo a todos que não se acomodem num primeiro diagnóstico ruim, procure outros três médicos. Vale muito a pena. O certo vale mais que um diagnóstico errado.